sexta-feira, 26 de julho de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 70

ÉPOCA 1973/74

Era preciso virar a agulha, renovar esperanças, tornar-se mais forte para enfrentar mais uma vez uma luta desigual, contra tudo e contra todos. Américo de Sá sabia das dificuldades que o clube voltaria a enfrentar, mas era necessário partir para a luta com coragem. Falhado o projecto Riera, novo estava na forja. Sucessor? O velho Béla Guttmann que na sua estreia no FC Porto, em 1958/59 se sagrara campeão nacional e abandonara o clube para assinar pelo Benfica.

Engolir um sapo? Que remédio! Volta «avozinho» que estás perdoado! Com 73 anos de idade, o treinador húngaro voltava para tentar mais uma vez ser feliz. Mas não foi. Primeiro jogo do campeonato, primeira derrota. À quarta jornada já quatro pontos tinham ficado pelo caminho. Nova derrota na 8ª jornada, na Luz, seguida de dois empates transformavam o título numa miragem. A vida portista ficava atormentada e para piorar, no dia 16 de Dezembro de 1973, aquando da 13ª jornada, contra o V. de Setúbal, de Pedroto, Octávio e Duda, em pleno estádio das Antas, ao minuto 13, Pavão ganhou a bola no meio campo, fez um compasso de espera para permitir a desmarcação de Oliveira, executou um passe perfeito, deu mais um passo e caiu de bruços, sem ninguém lhe tocar. Logo que o árbitro interrompeu o jogo para ser assistido, o médico Dr. José Santana encontrou-o já em estado de coma. Pavão foi de imediato conduzido para o Hospital de S. João onde viria a falecer. O jogo entretanto prosseguiu, com a entrada de Vieira Nunes para o lugar do malogrado Pavão. O Setúbal era então o líder do campeonato e o FC  Porto tinha um atraso de 5 pontos.

Toda a gente no estádio tinha a noção da gravidade do estado do médio portista pelo que o clima nas bancadas era pesado e dramático. Os atletas portistas uniram-se como nunca e venceram o encontro por 2-0. No final foi anunciada a morte de Pavão que deixou consternados todos os presentes. Perdia-se assim um enorme talento do futebol nacional.


Em Janeiro de 1974 a Direcção de Américo de Sá conseguiu a contratação de uma «estrela» internacional, muito cobiçada. O peruano Teófilo Cubillas, que estava em Basileia descontente com o amadorismo daquele futebol, onde foi cair. 5.600 contos custou o passe do jogador, o mais caro até então do futebol português. Chegou em 12 de Janeiro, tendo sido apresentado aos sócios em 28 do mesmo mês, frente aos brasileiros da Portuguesa dos Desportos, em jogo particular, com uma exibição portentosa. O fascínio de Cubillas despertara nos portistas renovadas esperanças e a convicção de que chegara ao fim o calvário da travessia do deserto. Este sentimento mais se avivou quando em 10 de Março o FC Porto recebeu e derrotou o Benfica, por 2-1, com o peruano em evidência ao apontar o golo da vitória, aos 55 minutos.

Ainda assim, o FC Porto não foi além do 4º lugar, com uma performance de 30 jogos, 18 vitórias, 7 empates e 5 derrotas, 43 golos marcados, 22 sofridos, somando 43 pontos, menos 2 que o V. Setúbal, menos 4 que o Benfica e menos 6 que o Sporting.

Na Taça de Portugal o FC Porto foi eliminado, nas meias-finais, no Estádio das Antas, pelo Benfica que triunfou por 0-3. Nas eliminatórias anteriores os azuis e brancos afastaram o Lusitânia, da III Divisão nacional, com vitória nas Antas, por 8-0; O Barreirense, também nas Antas, por 1-0; e a Cuf, ainda nas Antas, por 3-1.

Guttmann utilizou 23 jogadores, nas duas provas em que o FC Porto esteve envolvido (Campeonato e Taça), num total de 34 jogos,  a seguir indicados por ordem decrescente de participações: Guedes e Tibi (33), Rodolfo e Rolando (32), Ronaldo e Abel (31), Bené (30), Nóbrega (27), Oliveira (26), Marco Aurélio (22), Rodrigo (17), Cubillas (16), Flávio, Pavão e Vieira Nunes (13), Laurindo (11), Júlio e Ricardo (9), Celso e Valdemar (7), Gualter (4), Leopoldo (3) e Rui (1).

UMA DAS POSSÍVEIS EQUIPAS DESSA ÉPOCA





















Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Celso, Rolando, Rodolfo, Ronaldo, Guedes e Tibi; Pela mesma ordem, em baixo: Pavão, Marco Aurélio, Flávio, Abel e Nóbrega

Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar; FC Porto - 100 Anos de História, de Álvaro Magalhães e Manuel Dias e Fascículos do Jornal A Bola

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