terça-feira, 16 de julho de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 60

ÉPOCA 1968/69

Começava mais uma época e renovava-se a esperança pela conquista do ambicionado título, agora reforçada pela conquista, ainda fresca ma memória de toda a nação portista, da Taça de Portugal.

José Maria Pedroto partia para a sua terceira época como timoneiro da equipa que muito queria levar à glória.

Os problemas financeiros pareciam já debelados face à intervenção técnica de Afonso Pinto de Magalhães e o Clube mantinha a sua tendência de crescimento, atingindo por essa altura e pela primeira vez a marca de 30.000 associados.

Em termos de futebol, o plantel apresentava-se cada vez mais ambicioso e a luta pelo título deixara de ser uma miragem. Pedroto sabia motivar os seus jogadores e insuflar-lhes a dose de confiança para se sentiram à altura das responsabilidades.

O campeonato foi renhidamente discutido e quando a quatro jornadas do fim o FC Porto era o líder incontestado, ninguém já acreditava que o título pudesse fugir, apesar de ter de se deslocar ainda à Luz, na penúltima jornada. Porém, um conflito interno entre o treinador Pedroto e quatro jogadores (Custódio Pinto, Américo, Eduardo Gomes e Alberto), fizeram desmoronar todo o trabalho de uma época. Tudo teve origem na exigência de Pedroto, depois da derrota do FC Porto na Luz, por 3-0, para a Taça de Portugal, obrigar os futebolistas a permanecer em estágio até ao jogo seguinte. A desobediência desses quatro jogadores, que foram imediatamente suspensos, foi o rastilho para tudo o que depois se passou.

Os azuis e brancos ainda foram ao Barreiro, vencer a Cuf, por 0-1, onde já sentiram algumas dificuldades e se notou um clima algo pesado no seio da equipa. O descalabro veio a seguir. Em dois jogos consecutivos em casa, o FC Porto hipotecou de vez a possibilidade de conquistar o título, cedendo primeiro contra a Académica de Coimbra, com uma derrota por 0-1, e na semana seguinte empatando com o modesto União de Tomar, por 2-2, perdendo a liderança do campeonato.

As nuvens adensaram-se, os jogadores almoçaram com o Presidente, Pedroto foi dispensado e as suas funções entregues ao seu adjunto António Morais.

Restava uma última chance. Vencer na Luz para fazer a festa. Não aconteceu. A equipa acusava fragilidade anímica, não conseguira ficar insensível à catadupa de acontecimentos que lhe roubava a paz de espírito e os índices de concentração. O resultado final foi um empate sem golos que significou o adeus definitivo ao título. Em 26 jogos disputados a equipa portista venceu 15, empatou 7, perdeu 4, marcou 39 golos, sofreu 23 e acumulou 37 pontos, que lhe garantiram a segunda posição da tabela classificativa, a menos dois que o seu rival.

No ar ficou a exclamação habitual: «Vai ser para o ano!»

Nas outras provas os azuis e brancos foram eliminados prematuramente. Na Taça de Portugal soçobraram, após duas eliminatórias. Primeiro afastaram o Fafe, da III Divisão nacional, por 3-0, no Estádio das Antas, sendo eliminado na seguinte, no tal jogo dos 3-0, na Luz. 

Também na Taça das Taças, o percurso foi curto. A 1ª eliminatória foi discutida contra o Cardiff City, do País de Gales. Empate a duas bolas no Ninian Park, em Cardiff, com dois golos de Custódio Pinto e vitória nas Antas, por 2-1, com Américo em grande destaque a evitar, nos últimos segundos da partida, o prolongamento, ao defender uma grande penalidade apontada por Toschack (que mais tarde viria a ser treinador do Sporting). Na segunda eliminatória o FC Porto venceu por um magro 1-0, o Slovan de Bratislava, nas Antas, mas não resistiu ao maior poderio físico, dos então checoslovacos, baqueando por expressivos 4-0, fora de casa.

Para trás ficava mais uma época desperdiçada, desta vez, com tiros nos próprios pés.

A equipa técnica recorreu à prestação de 24 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente da sua utilização, nas três provas em que o FC Porto esteve presente: Bernardo da Velha (32), Djalma (32), Valdemar (32), Nóbrega (31), Custódio Pinto (28), Rolando (28), Atraca (27), Eduardo Gomes (25), Lisboa (25), Américo (24), Pavão (20), Vítor Gomes (18), Chico Gordo (15), Sucena (15), Acácio (8), Almeida (8), Malagueta (8), Rui (8), Alberto (3), Francisco Baptista (3), Leopoldo (3), Sousa (3), Jaime (2) e João (1).

UMA DAS EQUIPAS POSSÍVEIS DESSA ÉPOCA
(foto do blogue Memória Azul)
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Vítor Hugo (enfermeiro), Rui, Bernardo da Velha, Rolando, Almeida, Valdemar e Atraca; Em baixo, pela mesma ordem: Pavão, Djalma, Eduardo Gomes, Custódio Pinto e Nóbrega.

Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar e fascículos, de o Jornal A Bola.

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