ÉPOCA 1984/85
A grave doença de José Maria Pedroto recomendava a procura de um novo treinador. Pinto da Costa seguiu a sugestão do «mestre» e escolheu para liderar a nova equipa técnica, um jovem treinador, quer na idade como na experiência, de seu nome Artur Jorge, que na época anterior treinara o Portimonense sem grandes alardes. Pedroto conhecia-o bem (fora seu adjunto em Guimarães) e augurava-lhe uma brilhante carreira.
Aposta arriscada mas consciente. Artur Jorge, confiante no seu valor e pautando o seu trabalho pela disciplina e rigor, mudou mentalidades, fez acertos, rodeou-se de gente ambiciosa e competente, partindo para a luta. Havia que recuperar o título de campeão nacional, que teimosamente fugia desde 1978/79, bater-se com afinco pelas outras competições nacionais e confirmar, em termos internacionais, a magnífica imagem da época anterior.
Talvez por via dessa imagem, o defeso voltara a ser como um verdadeiro vendaval de transferências. Jaime Pacheco e Sousa, dois centro campistas que tão bem tinham jogado, tornando-se jogadores chave na manobra da equipa, assediados pelo Sporting, mas ainda com contrato válido pelo FC Porto, assinaram pela turma lisboeta, ao abrigo de um famigerado artigo então vigente «FALTA DE CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS», para cumprir o contrato que tinham assumido, provocando uma insatisfação generalizada no seio da família portista. A resposta de Pinto da Costa não se fez esperar, caindo como uma bomba. O jovem e promissor Paulo Futre, foi desviado dos leões, ao abrigo da mesma clausula, deixando-os, bem como à Imprensa desportiva lisboeta, à beira de um ataque de nervos. Para colmatar a saída dos «fugitivos», o FC Porto contratou os médios, Quim ao Rio Ave e André ao Varzim.
PLANTEL 1984/85
FOTO DO BLOGUE LÔNGARA - ACTIVIDADE LITERÁRIA E MEMÓRIA ALVI-ANIL
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Quim, Ademar, João Pinto, Semedo, Lima Pereira, Quinito, Futre e Santos; ao meio: João Mota (adjunto), Vítor Hugo (massagista), Barradas, Walsh, Mito, Zé Beto, Eduardo Luís, Mariano, Eurico, Cerqueira, Matos, Octávio (adjunto), Prof. Neto (psicólogo) e não identificado; Em baixo: José Luís (massagista), Brandão (roupeiro), Frasco, Jacques, Vermelhinho, Fernando Gomes, Artur Jorge (treinador), André, não identificado, Jaime Magalhães, Inácio, Costa e Agostinho (roupeiro).
A época abriu a 26 de Agosto de 1984 com a disputa da primeira jornada do campeonato nacional. Os DRAGÕES, alcunha que Pinto da Costa fez questão de enfatizar e apropriar para designar o Clube, apesar de derrotados pelo Boavista na 2ª jornada, ia mostrando atributos capazes de os transformar em sérios candidatos ao título. A qualidade das exibições rubricadas pela equipa provavam que as aquisições feitas tinham sido acertadas e permitiam acalentar ambições.
A época prometia, apesar da inesperada, surpreendente e frustrante eliminação da Taça das Taças, logo na 1ª eliminatória, às mãos do modestíssimo e desconhecido Wrexham, do País de Gales, com derrota portista por 1-0, no Race Horse Stadium seguida de uma vitória inglória por 4-3, nas Antas, onde o FC Porto, aos 38 minutos do jogo vencia já por 3-0, dando a ideia de poder eliminar com toda a facilidade o seu adversário. Mas não, numa noite de chuva intensa, miudinha e chata, o guardião portista Borota (Zé Beto estava impedido de alinhar em confrontos internacionais, depois de um desaguisado com o árbitro, na final de Basileia) decidiu abrir a «capoeira» e até final do encontro permitiu três golos incríveis!
Tirando esse contra tempo , em Janeiro de 1985, Artur Jorge sentiu que estava desbravado o caminho para o seu primeiro título nacional, vencendo na Luz, à 18ª jornada, o Benfica, por 0-1.
Entretanto, Pedroto não tinha resistido à doença e falecera a 7 de Janeiro. Bandeiras com as cores azul e branco, pendentes das janelas e varandas, ao longo do percurso do funeral, uma das formas da população da cidade prestar a sua derradeira homenagem ao «mestre». Trajecto de seis quilómetros a pé, com milhares de pessoas acompanhando o préstito fúnebre entre as Antas e o cemitério de Agramonte, até ao mausoléu do Clube, onde ficou repousando, ao lado de outras glórias portistas.
A 12 de Maio de 1985, o FC Porto ao bater o Belenenses por 5-1, sagrou-se campeão nacional, quando faltavam ainda disputar mais três jornadas. Foi no Estádio das Antas, lotação esgotada, com os adeptos azuis e brancos vibrantes e eufóricos, previamente confiantes numa festa inadiável.
Equipa titular que defrontou o Belenenses e garantiu o título nacional. Da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Lima Pereira, Inácio, João Pinto e Zé Beto; em baixo: Frasco, Fernando Gomes, Jaime Magalhães, Vermelhinho, Quim e Futre.
O campeonato terminaria em Portimão, com nova vitória portista e respectiva consagração. O treinador portista foi apelidado de Rei Artur, consagrando-se como o primeiro treinador português, com menos de 40 anos, a vencer o campeonato nacional.
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Matos, André, Mito, Lima Pereira, Jacques, Fernando Gomes, Vermelhinho, Walsh, Semedo, Eduardo Luís, Mariano, João Pinto e Zé Beto; em baixo: Paulinho Cascavel, Quim, Quinito, Frasco, Futre, Jaime Magalhães, Inácio e Costa.
A equipa portista completou o campeonato com o registo de 30 jogos, 26 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 78 golos marcados (melhor ataque), 13 golos sofridos (melhor defesa) e 55 pontos, mais 8 que o Sporting (2º) e mais 12 que o Benfica (3º).
Fernando Gomes, ao apontar 39 golos, cotou-se como o melhor marcador do campeonato, arrecadando a sua 6ª Bola de Prata e simultaneamente o melhor marcador da Europa, sendo distinguido pela segunda vez com a Bota de Ouro.
Mas não seria o único título da temporada. O outro, obteve-o em confronto directo com o Benfica, na disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, decidida em 4 jogos. Mantendo-se o figurino de final disputada em duas mãos, a primeira teve como palco o estádio da Luz, com vitória encarnada por 1-0. Nas Antas, o FC Porto respondeu com resultado idêntico, empatando a contenda. Houve então necessidade de recorrer ao desempate, disputado da mesma forma, ou seja, em duas mãos. Jogado já perto do final da época, o FC Porto foi então arrasador, vencendo os dois encontros: 3-0, nas Antas e 0-1 na Luz.
Já na Taça de Portugal o triunfo final foi para o Benfica, que no Jamor bateu o FC Porto, por 3-1.
Na foto a equipa portista, da esquerda para a direita: Fernando Gomes, Zé Beto, Eurico, Frasco, Jaime Magalhães, Quim, Vermelhinho, Futre, Inácio, João Pinto e Lima Pereira
No conjunto das 4 provas em que o FC Porto esteve envolvido, num total de 43 jogos, foram utilizados 23 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente da sua utilização: Eurico, Futre, João Pinto e Quim (43 jogos), Fernando Gomes e Inácio (42), Zé Beto (41), Jaime Magalhães e Vermelhinho (39), Lima Pereira (38), Frasco (36), André (24), Quinito (16), Semedo (15)Eduardo Luís e Walsh (12), Ademar e Costa (6), Mito (4), Borota e Paulinho Cascavel (2), Jacques e Mariano (1).
OUTRA DAS EQUIPAS POSSÍVEIS DESSA ÉPOCA
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Lima Pereira Inácio, Quim, João Pinto e Zé Beto; em baixo: Jaime Magalhães, Frasco, Fernando Gomes, André e Futre
Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar; Revistas Dragões dessa época; Baú de Memórias, de Rui Anjos.
Tempos inesquecíveis, em que começou na prática a formação que teve apogeu em 1987 na conquista da TAÇA DOS Campeões Europeus. Dessa fornada, agora em apreciação, lá estava o Gomes em grande, de forma que não deu hipóteses a um Cascavel que depois brilhou em Guimarães e no Sporting, mais o Futre, André, Jaime Magalhães, etc.
ResponderEliminare foi precisamente nessa década (mormente a partir de '84) que nasci para o Futebol e para o nosso clube do coração :D
ResponderEliminarabr@ço
Miguel | Tomo II