Antes do mais, penso que é de crucial urgência que o FC Porto repense a sua relação com os atletas e seus representantes, no que aos contratos diz respeito. A atitude de autênticos «mercenários» com que alguns vão tentando forçar a saída antecipada, quiçá influenciados pelos seus empresários, está a tornar-se demasiado frequente e prejudicial para quem tem que planificar a época.
Os jogadores ao assinarem os contratos, com ou sem clausula de rescisão, estão a comprometer-se e a aceitar, de livre e espontânea vontade, com tudo o que nele estiver acordado. São para cumprir, ponto final. Se o Clube ou empresários tiverem interesses em realizar mais-valias, libertando o jogador antes de expirar o prazo do contrato devem conversar civilizadamente. O que não pode nem deve acontecer é o atleta ficar melindrado se o Clube não pretender cedê-lo ou se as condições para tal não forem do seu interesse.
A época que terminou foi pródiga em casos desta natureza. Uma série de atletas foi assediada para mudarem de ares e como o FC Porto não deu seguimento, os «meninos» amuaram e comportaram-se como crianças. Alguns conformaram-se, caíram em si e voltaram a ser profissionais dignos, outros nem por isso!
1 HELTON - Foi mais uma vez uma das figuras nucleares da equipa. A sua segurança, ponderação e voz de comando foram fundamentais para o desfecho que todos os portistas ambicionavam. Um senhor!
Foi dos mais utilizados, somando 3.510 minutos repartidos por 39 jogos (29 CN; 1 ST; 1 STE; 6 CL e 2 LE)*;
31 BRACALI - Contratado para substituir Beto, foi o segundo guarda-redes que viveu na sombra do principal. Foi-lhe confiada a titularidade na Taça de Portugal e Taça da Liga. Teve um desempenho de nível regular sem nunca comprometer. Jogou 614 minutos distribuídos por 7 jogos (1 CN; 2 TP e 4 TL);
41 KADU - O jovem angolano, terceiro guarda-redes defendeu sobretudo a baliza da equipa de juniores. No plantel principal não teve oportunidades para demonstrar o seu talento. A sua utilização foi residual e simbólica: 16 minutos em dois jogos (8' CN e 8' TP);
13 FUCILE - Habituou-nos a admirá-lo pela sua garra e determinação, fazendo o vai-vem constante pela sua ala, quase sempre com bastante eficiência. Com a chegada tardia do seu compatriota A. Pereira, começou por se fixar no lado esquerdo da defesa, passando mais tarde para o lado direito. A sua performance esteve sempre longe do normal. A lentidão e sobretudo os vários momentos de desconcentração marcaram negativamente o seu desempenho. Penou alguns meses no banco de suplentes ou na bancada e acabou por servir de moeda de troca, por empréstimo, na antecipação da vinda de Danilo, do Santos. Jogou 1.035 minutos distribuídos por 12 jogos (7 CN; 1 ST; 1 STE e 3 CL);
21 SAPUNARU - Começou a época como titular, realizando os quatro primeiros jogos, onde alternou momentos de qualidade com outros menos bons. Tal como Fucile, desapareceu das convocatórias no início de Novembro, supostamente por problemas disciplinares. Resistiu à «limpeza» de Janeiro e reapareceu em grande para o último terço do campeonato. Não conheço a gravidade dos seus actos de indisciplina mas que o castigo foi prolongado, lá isso foi! Jogou 1.600 minutos distribuídos por 21 jogos (16 CN; 1 TP; 1 ST; 1 STE; 1 CL e 1 LE);
2 DANILO - Resgatado ao Santos, num processo de transferência algo complicado, chegou no mercado de Inverno, em Janeiro, por troca com Fucile, para herdar a mítica camisola com o nº 2 nas costas. Quando parecia ter pegado de estaca, uma arreliadora e indesejável lesão afastou-o praticamente para o resto da época. Do pouco que conseguiu mostrar, prometeu muito, não surpreendendo que se torne rapidamente num jogador muito importante. Jogou 425 minutos divididos por 8 jogos (6 CN; 1 TL e 1 LE);
14 ROLANDO - Fez a pior de todas as épocas desde que chegou ao FC Porto. Foi um dos egos inchados que não conseguiu disfarçar a sua frustração por não ter visto a sua pretensão de mudar de ares satisfeita. Produziu exibições irregulares e ainda reagiu intempestivamente a uma substituição. Vítor Pereira que apostara nele cegamente acabou por fazê-lo experimentar a sensação do banco, talvez tarde de mais. É nitidamente um jogador em fim de ciclo no FC Porto. Foi dos mais utilizados com 3.081 minutos em 37 jogos (27 CN; 1 TP; 1 ST; 1 STE; 5 CL e 2 LE);
4 MAICON - Um dos melhores jogadores portista desta época. Central de enorme porte físico parece estar a trilhar o percurso de outros grandes centrais que evoluíram com a camisola azul e branca. Começou inseguro e a cometer erros primários. Vítor Pereira experimentou-o em variadas duplas, com Rolando, com Mangala e com Otamendi. Acabaria por se impor, espero que definitivamente, com o argentino a seu lado, formando uma dupla consistente, forte e segura, já na parte decisiva do campeonato. Antes porém, teve de passar por uma nova experiência na sua carreira, quando o treinador apostou nele para lateral direito, contra todas as expectativas. A verdade é que Maicon deu conta do recado e, dizem os «experts» que aí terá ganho a confiança e ritmo de jogo para, quando foi necessário, regressar à sua posição natural em grande estilo. Jogou 2.712 minutos distribuídos por 31 jogos (20 CN; 2 TP; 1 ST; 3 TL; 3 CL e 2 LE);
30 OTAMENDI - Mais um central com credenciais confirmadas mas que começou titubeante e sem conseguir impor-se com titular indiscutível. Encontrou o ponto de equilíbrio ao lado de Maicon, para um final de época de grande qualidade. Jogou 2.615 minutos em 27 jogos (18 CN; 1 TP; 2 TL; 5 CL e 1 LE);
22 MANGALA - Internacional francês sub21, central corpulento mostrou ser o mais rápido dos centrais portistas. Teve poucas oportunidades mas patenteou qualidades interessantes e enorme potencial. Precisa de tempo e oportunidades para crescer. Denotou alguma imaturidade alternando coisas boas com «aselhices». Somou 1.160 minutos em 14 jogos (7 CN; 1 TP; 4 TL; 1 CL e 1 LE);
5 ÁLVARO PEREIRA - Chegou mais tarde ao seio da equipa, em função da sua prestação na Selecção do Uruguai, arrancando para a nova época quase sem descanso. Foi um dos jogadores falados, durante toda a época, para o «sai, não sai», acabando por afectá-lo fortemente. Ele queria muito ir para o Chelsea, mas como o clube inglês não bateu a cláusula de rescisão a transferência gorou-se. O «Palito» ficou descontente e não conseguiu disfarçar. A azia foi tanta, que apesar do voluntarismo aparente, a desconcentração foi evidente. Mal a dominar a bola, muito trapalhão, perdas de bola infantis e cruzamentos quase sempre desajustados. Terminou a época em grande stress anímico, com uma reacção intempestiva e pouco inteligente, depois de uma substituição. Outro em fim de ciclo no Clube, demonstrando à evidência o que é ter um jogador contrariado. Jogou 2.958 minutos distribuídos por 34 jogos (23 CN; 1 TP; 3 TL; 6 CL e 1LE);
26 ALEX SANDRO - Jovem defesa esquerdo, internacional brasileiro, chegou rotulado de grande promessa. Foi pouco utilizado mas muito «trabalhado» para se aclimatar e adaptar-se convenientemente ao futebol europeu. Mostrou já algumas das sua qualidades. Avança bem no terreno, tem bons pés, visão de jogo e remate espontâneo. Defende bem mas ainda é lento na recuperação da posição. Jogou 820 minutos em 12 jogos (7 CN; 1 TP; 3 TL e 1 LE).
*
CN = Campeonato Nacional
TP = Taça de Portugal
ST = Supertaça Cândido de Oliveira
TL = Taça da Liga
STE = Supertaça Europeia
CL = Champios League
LE = Liga Europa
(IV PARTE - PLANTEL - LINHA MÉDIA)
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