EQUIPA TÉCNICA
Com a saída abrupta e surpreendente de André Villas-Boas, Pinto da Costa foi rápido a escolher o sucessor, promovendo o então adjunto Vítor Pereira, num acto considerado de elevado risco e grande coragem.
Com a saída abrupta e surpreendente de André Villas-Boas, Pinto da Costa foi rápido a escolher o sucessor, promovendo o então adjunto Vítor Pereira, num acto considerado de elevado risco e grande coragem.
Este, ao aceitar o desafio, declinando o convite para acompanhar o seu chefe de equipa, na deserção, demonstrou ambição e enorme confiança nas suas competências. Desafio tanto mais complicado quanto é certo ter assumido o comando técnico uma semana antes de arrancarem as competições, vivendo seguidamente o drama do mês de Agosto sem ter o plantel definido.
A maioria dos adeptos, numa primeira fase, entendeu a sucessão como perfeitamente natural. Era afinal, a aposta inequívoca no excelente trabalho da época anterior, caracterizado pelo rigor, qualidade, seriedade e paixão demonstradas por VP, a quem, alguns portistas especularam, se ficou a dever uma grande quota parte dos êxitos alcançados, tantas as vezes que AVB foi visto a com ele conferenciar durante os jogos.
Porém, a vida de VP não se revelou nada fácil. A herança era demasiado pesada. Sendo certo que ninguém ousaria exigir a repetição dos êxitos da época anterior, tendo em conta que o plantel ao dispor era praticamente o mesmo, «apenas» amputado de Radamel Falcao e Rúben Micael, mas reforçado com Iturbe, o pequeno «Messi», Alex Sandro, Djalma, Kléber, Mangala e Defour, era espectável no entanto, que pelo menos, o nível exibicional não fosse muito abalado e o FC Porto pudesse, a nível interno, discutir os vários títulos em disputa, com maior determinação e no panorama internacional, estivesse nos oitavos-de-finais da CL, depois de ter ficado num grupo onde era favorito.
As exibições pouco esclarecidas, fruto da pouca entrega de alguns jogadores, que decidiram encarnar o papel de vedetas inchadas no ego, convencidos que o FC Porto já era demasiado pequeno para as suas ambições, bem como de diversos equívocos da equipa técnica, acabaram por criar, alguma instabilidade, desconforto e desconfiança. Neste particular, a abordagem da CL com apenas um ponta de lança (Kléber), deixando de fora Walter; o demorado «castigo» imposto a Sapunaru; a insistência num Rolando desconcentrado; a exagerada «protecção» a Iturbe; o habitual desinteresse pela TL e a negação da possibilidade de Hulk lutar pela conquista da bola de prata, no último jogo, são alguns dos que mais me marcaram, entre outros.
As precoces eliminações da TP e da CL deixaram, aparentemente, o treinador na corda bamba. Parte da massa associativa chegou a pedir a sua «cabeça». Só a firmeza de Pinto da Costa, avesso a «chicotadas psicológicas» segurou VP.
A serenidade, confiança e ambição regressaram imparáveis com os ajustamentos feitos em Janeiro. Foi como que um toque a rebate. Paulinho Santos integrou a equipa técnica, Lucho Gonzalez regressou, alguns dos insatisfeitos foram emprestados e a união do grupo fortaleceu-se de tal forma que o último terço do campeonato ficou marcado por vitórias decisivas que se reflectiram na conquista do BICAMPEONATO.
No fim, a humildade de VP calou bem fundo na massa adepta portista, ao reconhecer as dificuldades sentidas e a aprendizagem a que se submeteu, considerando-se agora melhor preparado para enfrentar a nova época.
Nunca tive dúvidas da honestidade e seriedade da sua pessoa. Confesso que não sou seu incondicional admirador, enquanto treinador. Fui dos que criticou quando as coisas estiveram feias mas tive a lucidez de não lhe atribuir as culpas por inteiro (ver aqui).
Felizmente para ele e para o FC Porto foi possível salvar o objectivo principal. Fico imensamente feliz e grato por esse facto.
A tarefa era dificílima, daí que a exigência tivesse que ser menor. Na próxima época, se não houver uma revolução que obrigue a começar tudo de novo, é óbvio que a qualidade de jogo tem de melhorar, assim como a prestação europeia.
ResponderEliminarAbraço