ÉPOCA 2005/06
Depois de uma época completamente atípica e confrangedora, tornava-se imperioso encontrar alguém capaz de repor a ordem. Pinto da Costa mais uma vez surpreendeu ao apostar num treinador pouco ou nada mediático, sem títulos no seu curriculum, mas considerado um formador e disciplinador por excelência, Jacob Adriaanse, holandês de 54 anos, cujo maior feito tinha sido o atingir das meias-finais da Taça UEFA, à frente da desconhecida equipa do seu país AZ'67 Alkmar. Esperava-o tarefa difícil. Devolver à principal equipa do Clube a dignidade, a disciplina, o respeito e o prestígio que na época de transição tinham sido postos em causa.
A equipa técnica sofreu completa modificação. Jan Old Riekerink, Wilhelmus Coort e Rui Barros coadjuvaram Adriaanse. O plantel conheceu uma nova renovação. Saíram muitos jogadores com destaque para Costinha, Maniche, Derlei (todos para o Dínamo de Moscovo), Nuno Valente (Everton), Nuno e Seitaridis (Dínamo de Moscovo), Luis Fabiano (Sevilha), Jankauskas (Hearts), Hélder Postiga (St. Etienne, por empréstimo) e Jorge Costa (Standard de Liége).
Para compensar entraram Lucho Gonzalez (ex-River Plate), Lisandro Lopes (ex-Racing Club), Jorginho (ex-V. Setúbal), Sokota (ex-Benfica), Helton (ex-U. Leiria), Alan (ex-Marítimo), Anderson (ex-Grémio), Sonkaya (ex-Besiktas), Marek Cech (ex-Sparta de Praga), Adriano (ex-Cruzeiro), Paulo Ribeiro (ex-V. Setúbal) e os regressados Hugo Almeida, César Peixoto, Bruno Moraes, Bruno Alves, Paulo Assunção e os promovidos Bruno Gama e Hélder Barbosa.
A pré-época trouxe aos portistas uma expectativa muito grande e uma esperança redobrada na recuperação de todos os desideratos, pois a equipa começava a patentear um rendimento interessante, por vezes até espectacular.
Mas desde cedo Adriaanse deu mostras de algum equívoco. Teve alguma dificuldade em perceber (ou coragem para assumir) qual o melhor sistema a implantar e quais os melhores intérpretes em quem confiar. Fez experiências, mudanças, correcções, enfim, tudo aquilo que afinal um treinador nas suas condições tem de fazer para aquilatar da qualidade da matéria-prima. O treinador holandês foi percebendo que nem sempre há espaço para o futebol espectáculo num campeonato em que os adversários jogam fechados.
Tomou decisões tão polémicas quanto corajosas, como as dispensas de Postiga e Jorge Costa; o afastamento de Diego; a condição de suplente de Vítor Baía; a inclusão assídua dos mal amados Jorginho e Alan em detrimento (durante algum tempo) do "Mustang", entre outras.
Outras menos polémicas face aos resultados positivos, como as reabilitações de Quaresma, Pepe, Raúl Meireles e Paulo Assunção.
Adriaanse teve o mérito de, pelo menos internamente onde as exigências competitivas são mais ténues, manter a calma e a serenidade, sempre apoiado pelo Presidente Pinto da Costa, fazer a leitura correcta atempadamente e tomar as decisões mais aconselháveis para a implantação do seu sistema de jogo preferido, o arriscado 3x3x4, que acabaria por o levar ao triunfo.
O futebol praticado passou a ser mais ofensivo e bonito, corrigidas que foram as debilidades defensivas, onde Sonkaya, Ricardo Costa, Pepe, Bruno Alves, Pedro Emanuel e César Peixoto (adaptado a lateral esquerdo) alternavam na formação, abrindo brechas, colocando Vítor Baía em sobressalto, originando resultados que constituíram completas desilusões. o FC Porto/Artemédia na Liga dos Campeões e o FC Porto/Benfica, foram os expoentes dessa confusão. Adriaanse parecia determinado a jogar para o espectáculo e nas suas entrevistas sempre transmitiu confiança de ver a sua filosofia atacante frutificar.
A verdade é que, apesar de tudo, a equipa conseguia comandar o campeonato, dado que a concorrência patenteava ainda mais fragilidades. O FC Porto foi campeão de Inverno e voltaria a ser derrotado, agora na Amadora, resultado que terá determinado uma viragem quer no sistema táctico adoptado, quer na composição da equipa. O holandês decidiu-se definitivamente pelo tal sistema ousado (3x3x4), onde Pepe, na defesa, Paulo Assunção a trinco, Lucho no meio campo e a aquisição de Inverno, Adriano na frente mais a magia de Quaresma transfiguraram a equipa e o rendimento passou a ser mais efectivo.
Tal alteração teve como consequência o afastamento de Vítor Baía e Diego para o banco, situação que alguns adeptos não aceitarem de bom grado.
Equipa titular que perdeu na Luz, na 24ª jornada. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Lucho Gonzalez, Pepe, Benni McCarthy, Bosingwa e Pedro Emanuel; em baixo: Quaresma, Paulo Assunção, Raul Meireles, Ivanildo e Adriano.
O terceiro confronto com os rivais redundou numa nova derrota, frente ao Benfica na Luz por 1-0, que permitiu ao Sporting aproximar-se ficando apenas a dois pontos de distância, que se manteria até à 30ª jornada, altura em que os Dragões se deslocaram a Alvalade para discutir o título. Os Dragões impuseram-se e venceram por 1-0, golo marcado por Jorginho, dando um passo decisivo na conquista do Campeonato Nacional, que haveria de ser concretizado em termos matemáticos na 32ª jornada em Penafiel com a vitória portista, por 1-0 com golo de Adriano.
Mas desde cedo Adriaanse deu mostras de algum equívoco. Teve alguma dificuldade em perceber (ou coragem para assumir) qual o melhor sistema a implantar e quais os melhores intérpretes em quem confiar. Fez experiências, mudanças, correcções, enfim, tudo aquilo que afinal um treinador nas suas condições tem de fazer para aquilatar da qualidade da matéria-prima. O treinador holandês foi percebendo que nem sempre há espaço para o futebol espectáculo num campeonato em que os adversários jogam fechados.
Tomou decisões tão polémicas quanto corajosas, como as dispensas de Postiga e Jorge Costa; o afastamento de Diego; a condição de suplente de Vítor Baía; a inclusão assídua dos mal amados Jorginho e Alan em detrimento (durante algum tempo) do "Mustang", entre outras.
Outras menos polémicas face aos resultados positivos, como as reabilitações de Quaresma, Pepe, Raúl Meireles e Paulo Assunção.
Adriaanse teve o mérito de, pelo menos internamente onde as exigências competitivas são mais ténues, manter a calma e a serenidade, sempre apoiado pelo Presidente Pinto da Costa, fazer a leitura correcta atempadamente e tomar as decisões mais aconselháveis para a implantação do seu sistema de jogo preferido, o arriscado 3x3x4, que acabaria por o levar ao triunfo.
O futebol praticado passou a ser mais ofensivo e bonito, corrigidas que foram as debilidades defensivas, onde Sonkaya, Ricardo Costa, Pepe, Bruno Alves, Pedro Emanuel e César Peixoto (adaptado a lateral esquerdo) alternavam na formação, abrindo brechas, colocando Vítor Baía em sobressalto, originando resultados que constituíram completas desilusões. o FC Porto/Artemédia na Liga dos Campeões e o FC Porto/Benfica, foram os expoentes dessa confusão. Adriaanse parecia determinado a jogar para o espectáculo e nas suas entrevistas sempre transmitiu confiança de ver a sua filosofia atacante frutificar.
A verdade é que, apesar de tudo, a equipa conseguia comandar o campeonato, dado que a concorrência patenteava ainda mais fragilidades. O FC Porto foi campeão de Inverno e voltaria a ser derrotado, agora na Amadora, resultado que terá determinado uma viragem quer no sistema táctico adoptado, quer na composição da equipa. O holandês decidiu-se definitivamente pelo tal sistema ousado (3x3x4), onde Pepe, na defesa, Paulo Assunção a trinco, Lucho no meio campo e a aquisição de Inverno, Adriano na frente mais a magia de Quaresma transfiguraram a equipa e o rendimento passou a ser mais efectivo.
Tal alteração teve como consequência o afastamento de Vítor Baía e Diego para o banco, situação que alguns adeptos não aceitarem de bom grado.
Equipa titular que perdeu na Luz, na 24ª jornada. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Lucho Gonzalez, Pepe, Benni McCarthy, Bosingwa e Pedro Emanuel; em baixo: Quaresma, Paulo Assunção, Raul Meireles, Ivanildo e Adriano.
O terceiro confronto com os rivais redundou numa nova derrota, frente ao Benfica na Luz por 1-0, que permitiu ao Sporting aproximar-se ficando apenas a dois pontos de distância, que se manteria até à 30ª jornada, altura em que os Dragões se deslocaram a Alvalade para discutir o título. Os Dragões impuseram-se e venceram por 1-0, golo marcado por Jorginho, dando um passo decisivo na conquista do Campeonato Nacional, que haveria de ser concretizado em termos matemáticos na 32ª jornada em Penafiel com a vitória portista, por 1-0 com golo de Adriano.
Equipa titular que ao vencer em Alvalade deu um passo decisivo para a conquista do título nacional. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Bosingwa, Lucho Gonzalez, Pepe, Benni McCarthy e Pedro Emanuel; em baixo: Lisandro Lopez, Quaresma, Raul Meireles, Paulo Assunção e Jorginho.
O V. de Guimarães foi o último adversário a visitar o Dragão, mas não para encerrar as contas da competição (esse desfecho seria na jornada seguinte no Bessa). O palco portista engalanou-se com cores e ambiente de festa. O estádio encheu e o espectáculo seguiu a preceito. Os Dragões venceram por 3-1.
Ao longo das 34 jornadas os Dragões registaram 24 vitórias, 7 empates e 3 derrotas, marcaram 54 golos e sofreram 15, somando 79 pontos, mais 7 que o Sporting e mais 12 que o Benfica.
Na Taça de Portugal o FC Porto eliminou todos os adversários, garantindo com todo o mérito a presença na final da prova.
O primeiro adversário foi o Marco, da II Divisão, que fez os possíveis e impossíveis para não sofrer muitos golos no Dragão. Co Adriaanse aproveitou para rodar alguns jogadores menos utilizados e o resultado, apesar das muitas oportunidades criadas, cifrou-se no magro 1-0.
Equipa titular que defrontou o Marco. Da esquerda para a direita: Pedro Emanuel, Ricardo Costa, Paulo Ribeiro, Paulo Assunção, Sonkaya, Alan, Ivanildo, Ibson, Marek Cech, Diego e Benni McCarthy.
Seguiu-se a Naval, na Figueira da Foz., arbitrado pelo inefável Bruno Paixão. Escusado será dizer que os azuis e brancos tiveram neste jogo de defrontar duas equipas. Apesar das já esperadas dificuldades, o FC Porto venceu (1-2), ficando isento da 6ª eliminatória.
O Marítimo foi o adversário nos quartos-de-final. A jogar em casa, os insulares encararam o jogo com muita ambição e determinação. Por isso Co Adriaanse fez alinhar os seus melhores jogadores e ainda assim o jogo teve de ser resolvido no prolongamento, face ao empate (1-1), registado no tempo regulamentar. Benni McCarthy, que havia inaugurado o marcador, fez também o golo da vitória (1-2), qualificando o FC Porto para as meias-finais.
O sorteio colocou o Sporting no caminho portista, no estádio do Dragão. Jogo grande e grande jogo. Num jogo muito intenso os golos só aparecerem no prolongamento. Marcou primeiro o Sporting, por Liedson, aos 108 minutos e McCarthy empatou aos 114 minutos. Nas grandes penalidades o FC Porto foi mais forte, concretizando as 5, enquanto os leões só marcaram 4.
Equipa titular que eliminou o Sporting da Taça de Portugal. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Lucho Gonzalez, Benni McCarthy, Bosingwa, Pepe e Pedro Emanuel; em baixo: Adriano, Raul Meireles, Quaresma, Marek Cech e Paulo Assunção.
Na final do Jamor, um reencontro 38 anos depois. FC Porto e V. Setúbal voltaram ao estádio nacional para discutir a conquista da Taça de Portugal, como em 1967/68. O triunfo voltou a sorrir aos portistas, desta vez por 1-0, com mais um golo de Adriano aos 40'.
Equipa titular no Jamor. Da esquerda para a direita, em cima: Bosingwa, Lucho Gonzalez, Benni McCarthy, Pepe, Helton e Pedro Emanuel; Em baixo: Quaresma, Anderson, Alan, Paulo Assunção e Adriano.
Já nas competições europeias o desempenho portista deixou muito a desejar. Colocado no grupo H, da Liga dos Campeões, na companhia de Glasgow Rangers (Escócia), Artmédia (Eslováquia) e Inter de Milão (Itália), esperava-se obviamente outro desfecho.
A campanha começou mal com a deslocação a Glasgow. Num jogo em que o FC Porto, em termos de jogo jogado se mostrou muito superior ao adversário, não foi feliz e acumulou alguns azares. Um golo mal validado aos escoceses, a necessidade de ter de substituir Pedro Emanuel, com a cana do nariz partida e o facto de no último quarto de hora ter de jogar reduzido a 10 unidades por lesão de Sokota. Foram, em síntese as principais razões de uma derrota (3-2) injusta.
A segunda jornada trouxe ao Dragão uma equipa completamente desconhecida mas bastante acessível. Talvez por isso os azuis e brancos acabaram surpreendidos, num jogo que não correu nada bem, onde acumularam erros de palmatória, que em alta competição se pagam bem caros. Derrota (2-3), surpreendente e inexplicável.
A única vitória portista chegou na 3ª jornada, frente ao Inter de Milão, no Dragão. Parecia missão impossível. O inter a abarrotar de estrelas, surgia no anfiteatro dos azuis e brancos ainda sem qualquer derrota para defrontar uma equipa que ainda não conseguira qualquer ponto. Pois o impossível aconteceu. O FC Porto bateu o Inter por 2-0 e acendeu a chama da esperança.
Na ronda seguinte, em Milão, a equipa portista apresentou-se ambiciosa e personalizada. Marcou cedo, aos 16 minutos por Hugo Almeida e defendeu galhardamente essa vantagem que durou até aos 74 minutos. Depois sofreu um penalty e o assédio italiano que acabou por reverter resultado (2-1). O Porto teve o pássaro na mão mas deixou-o escapar.
Na 5ª jornada, na recepção aos escoceses do G. Rangers, o FC Porto voltou a não ter a sorte do jogo. Voltou a ser mais forte que o adversário, mas não foi capaz de matar o jogo. Alguma ingenuidade e desconcentração acabaram num empate injusto e castigador.
Já afastado dos lugares de acesso à fase seguinte, o FC Porto foi a Bratislava, encontrar um terreno muito mal tratado e umas péssimas condições atmosféricas, razões mais que suficientes para que o jogo redundasse numa lotaria, que em maré pouco propícia, voltou a influenciar negativamente o rendimento da equipa. O empate sem golos foi o que de melhor se pode arranjar. Para trás ficou um desempenho internacional nada condizente com o prestígio do Clube.
(Clicar do quadro para ampliar)
Ao longo da temporada o FC Porto disputou 45 jogos, relativos a 3 competições, utilizando 28 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente dessa utilização: Lucho Gonzalez (40 jogos), Quaresma (39), Hugo Almeida (38), Pedro Emanuel e Jorginho (36), Pepe e Paulo Assunção (33), Vítor Baía (32), Benni MacCarthy, Bosingwa e Alan (31), Lisandro López (30), Ibson (25), Diego (24), Ricardo Costa (23), Raul Meireles (22), Marek Cech (21), César Peixoto (20), Adriano (18), Ivanildo (16), Helton (13), Bruno Alves (11), Sonkaya (7), Anderson (5), Sokota (3), Hélder Postiga (2), Paulo Ribeiro e Hélder Barbosa (1).
Fontes: Baú de Memórias, de Rui Anjos; Revista Dragões e Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar.
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