quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

EQUIPAS DO PASSADO - SÉCULO XXI

ÉPOCA 2002/03

Depois de conhecidos os cantos à casa, José Mourinho e a sua equipa técnica tinham já diagnosticado as necessidades e escolhido os intérpretes ideais para tornar a equipa mais competitiva, determinada, coesa e ambiciosa.

Derlei (ex-U.Leiria), Bruno (ex-Marítimo), César Peixoto (ex-Belenenses), Jankauskas (ex-Benfica), Maniche (ex-Alverca), Nuno Valente (ex-U.Leiria), Paulo Ferreira (ex-Setúbal) e Pedro Emanuel (ex-Boavista), foram os eleitos, para além do regresso de Jorge Costa,  para ser o capitão, depois do extemporâneo empréstimo ao Charlton, de Inglaterra, provocado por Octávio, na sua curta passagem como treinador principal.





















O objectivo era claro e foi-o anunciado pelo próprio técnico com o assombro e convicção que o caracterizam, em alguns círculos considerados arrogância, ao afirmar em alto e bom som que «vamos ser campeões».

A época começou nas Antas com um pequeno percalço contra o Belenenses, que defendeu o jogo todo e em dois contra ataques fez os golos suficientes para empatar. Contudo, rapidamente os pupilos de Mourinho começaram a desbravar caminho rumo ao objectivo traçado.

Equipa titular que à 9ª jornada, recebeu e bateu o Nacional da Madeira, por 5-0. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Nuno Valente, Jorge Costa, Hélder Postiga e Pedro Emanuel; Em Baixo: Maniche, Paulo Ferreira, Deco, Derlei, Costinha e Clayton.

A superioridade portista foi de tal ordem que à 17ª jornada (fim da primeira volta) a vantagem na classificação era de 11 pontos para o Benfica (2º) e 14 para o Sporting (3º).

O título ficou praticamente sentenciado com a vitória do FC Porto, no estádio da Luz, na 24º jornada, que deixou os benfiquistas a 13 pontos de distância.

Depois foi gerir até ao fim esta confortável vantagem, que permitiu a José Mourinho encarar as outras provas em que o Clube esteve envolvido, com redobrada ambição.

O último jogo do campeonato foi jogado nas Antas frente ao Sporting, num ambiente de grande exaltação clubista pelos triunfos brilhantes até então obtidos.





















Equipa titular que na última jornada, nas Antas, defrontou o Sporting, festejando o título, no jogo de despedida de Paulinho Santos. Da esquerda para a direita, em cima: Vitor Baía, Hélder Postiga, Ricardo Costa, Ricardo Carvalho, Capucho, Pedro Emanuel e Alenitchev; em baixo: Maniche, Deco, Paulinho Santos, Derlei e Paulo Ferreira.

Em 34 jogos o FC Porto somou um número recorde de pontos (86), mais 11 que o Benfica (2º) e mais 27 que o Sporting (3º). A performance portista registou 27 vitórias, 5 empates e 2 derrotas, 73 golos marcados e 26 golos sofridos (defesa menos batida).

Também na Taça de Portugal o FC Porto fez um percurso digno de registo, onde registou por vitórias todos os jogos disputados, erguendo na final o troféu.

A caminhada começou no Estádio das Antas, frente ao Trofense, da III Divisão, com um resultado modesto (2-0), justificado pela presença na equipa de jogadores menos utilizados., Seguiram-se o Gil Vicente, nas Antas (2-1), o Vitória de Guimarães, em Felgueiras (1-2), o Varzim, nas Antas (7-0) e a Naval, também nas Antas (2-0).

No Jamor o adversário foi o U. Leiria, treinado por Manuel Cajuda, que reconhecendo o natural favoritismo dos Dragões, enveredou por um esquema ultra-defensivo, que só serviu para adiar o mais possível o inevitável. A resistência durou 64 minutos, altura em que Derlei marcou o golo da vitória mais que justa.
















Em termos internacionais o FC Porto esteve envolvido na disputa da Taça Uefa,  então disputada em sistema de eliminatórias até à final.


O primeiro adversário foi o Polónia Varsóvia, equipa acessível a quem os Dragões brindaram com uma goleada por 6-0, no estádio das Antas, sentenciando desde logo o destino da eliminatória. No jogo da 2ª mão, José Mourinho aproveitou a folga do resultado para testar alguns atletas menos utilizados e a experiência acabou por ditar o resultado negativo de 2-0, nunca pondo em causa a tendência da eliminatória.

Seguiu-se a turma austríaca do Áustria de Viena, com os azuis e brancos a arrancarem uma vitória fora de casa (0-1) e depois a confirmar no Porto, o maior ascendente e a maior capacidade, com mais uma vitória (2-0).

Os franceses do Lens deslocaram-se ao estádio das Antas, na 1ª mão da 3ª eliminatória e foram facilmente batidos por 3-0, deixando antever a passagem do FC Porto à fase seguinte. Em França, o FC Porto foi derrotado apenas por 1-0, confirmando a sua continuação na prova.

Para os oitavos-de-final, o sorteio colocou no caminho portista, os turcos do Denizlispor, de quem os azuis e brancos se desembaraçaram, com uns concludentes 6-1, nas Antas, garantindo depois um empate (2-2), na Turquia.

Seguiram-se os gregos do Panathinaikos. Na cidade do Porto, os comandados de José Mourinho viram-se gregos para derrubar o muro constituído pela formação visitante, que ciente da capacidade portista se remeteu a uma atitude defensiva e de contenção que acabou por ser feliz. O FC Porto não conseguiu materializar em golos todo o seu domínio e ainda acabou surpreendido por um contra-ataque fatal, que determinaria a única derrota portista no seu estádio, durante toda a época. No final da partida ficou uma grande sensação de injustiça, mas também a convicção de que na Grécia a equipa portista seria capaz de reverter o resultado.

José Mourinho prometeu que o FC Porto tudo iria fazer para continuar na prova e cumpriu. Num estádio onde desde 2001, ainda ninguém tinha conseguido vencer, o FC Porto, numa noite mágica, difícil de esquecer, acabou com esse recorde. Derlei foi o herói  num conjunto de grandes exibições. O brasileiro marcou os dois golos da vitória que qualificou a equipa para as meias-finais, mas toda a equipa teve um comportamento notável.

a Lázio de Roma foi o adversário seguinte. Previam-se, nesta fase da prova, grandes dificuldades, ainda por cima agravadas pelas conhecidas alergias ao futebol transalpino. Porém, a reconhecida capacidade do futebol portista acabou por se sobrepor a tudo isso, com elevada nota artística e capacidade concretizadora.  A 1º mão, disputada nas Antas sob intensa chuva, determinou de forma clara, a equipa que merecia continuar em prova. Mesmo entrando a perder, logo aos 6 minutos, os azuis e brancos foram capazes de construir uma exibição memorável surpreendendo os italianos com 4 belos golos, que os deixaram atarantados, incrédulos e impotentes perante tão eloquente banho de bola.

No estádio Olímpico de Roma, em ambiente ruidoso e fanático dos «tiffosi», que enchiam por completo as bancadas, o FC Porto voltou a patentear toda a sua classe com um futebol adulto, transbordando qualidade e ambição. O nulo no marcador foi o que de melhor a equipa italiana conseguiu.




















Em 21 de Maio de 2003, o FC Porto escreveu uma das mais belas páginas da sua história. Os azuis e brancos apresentaram-se no Olímpico de Sevilha, devidamente apoiados por uma multidão de adeptos que não representavam mais que 1/3 da lotação do estádio, para defrontar a aguerrida equipa escocesa do Celtic de Glasgow.




















Equipa titular na final da Taça Uefa, em Sevilha: Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Jorge Costa, Capucho, Nuno Valente, Ricardo Carvalho e Costinha; Em baixo: Alenitchev, Maniche, Deco, Derlei e Paulo Ferreira.

Num jogo intenso, vivo emotivo e espectacular, os golos foram aparecendo como cogumelos, resultantes de um futebol aberto, ofensivo e ambicioso que ambos os conjuntos ofereceram ao Mundo, numa final inesquecível para os amantes do futebol.

Na marcha do marcador, os Dragões conseguiram sempre chegar à vantagem (1-0 e 2-1), com os escoceses a imporem a igualdade (1-1 e 2-2), levando o jogo para prolongamento. Derlei, aos 113 minutos deu a vitória final ao FC Porto.

Pela qualidade do jogo, pelo evoluir do resultado, pelo número de golos e pela festa sempre ordeira do público presente, este foi um verdadeiro hino ao futebol e a final mais espectacular a que eu já assisti.



























Época brilhante em que o FC Porto conquistou todas as provas em que participou (Taça Uefa, Campeonato nacional e Taça de Portugal).






































(Clicar no quadro para ampliar)

No conjunto das três provas, que envolveram 53 jogos, José Mourinho utilizou 31 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente dessa utilização: Paulo Ferreira (47 jogos), Hélder Postiga (46), Deco e Jankauskas (45), Maniche (44), Derlei (42), Jorge Costa (41), Capucho e Vítor Baía (39), Pedro Emanuel (38), Costinha (36), Alenitchev e Tiago (35), Ricardo Carvalho (31), Nuno Valente (30), César Peixoto (21), Ricardo Costa (20), Clayton e Marco Ferreira (17), Secretário (16), Mário Silva e Nuno E. Santo (15), Paulinho Santos (7), Cândido Costa (5), Buzáky (4), Bruno (3), Hugo Luz (2), Manuel José, Reinaldo, Elias e Hugo Almeida (1).  

Fontes: Baú de Memórias, de Rui Anjos; Revista Dragões e Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar.

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