ÉPOCA 2000/01
A interrupção da cadeia de vitórias de que o Universo azul e branco estava já habituado não chegou para esmorecer a ambição e a paixão, essas sim, eternas nos corações de todos os portistas. Fernando Santos sabia disso e apesar de alguma saídas incontornáveis do plantel (saída de Jardel para o Galatasaray, da Turquia, regresso de Vítor Baía ao Barcelona e o fim da carreira de Rui Barros), teve a solidariedade e ajuda da Administração da SAD para formar um plantel de qualidade para atacar os objectivos principais da época.
Ovchinnikov, Paredes, Pena, Alenitchev. Jorge Andrade, Maric, Pizzi, Pavlin e Pedro Espinha foram os principais reforços.
A época abriu com a 1º mão da pré-eliminatória da Liga dos Campeões Europeus, em Bruxelas, frente ao Anderlecht. Numa exibição descolorida o FC Porto averbou uma derrota tangencial (1-0), mas o resultado foi falseado pelo árbitro da partida que anulou um golo limpo e sonegou uma clara grande penalidade, durante a primeira parte do jogo.
Na 2ª mão, nas Antas, a equipa portista partiu decidida à procura de reverter o resultado negativo que trazia de Bruxelas e assistiu-se a um autêntico massacre perante uma equipa belga que pouco mais fez do que defender. Mas a sorte nada quis com os Dragões. O Guardião belga defendeu tudo, ás vezes sem saber como, e o árbitro também não viu uma grande penalidade cometida sobre Romeu. A equipa saiu eliminada da prova rainha da Europa, passando para a Taça Uefa, mas muito aplaudida pelos seus adeptos.
No Campeonato nacional o FC Porto entrou bem, logo com uma vitória nas Antas, frente ao Benfica e apesar da derrota em Belém, na segunda jornada, a equipa soube caminhar com alguma segurança que lhe permitiu vencer em Alvalade, na 8ª jornada.
Depois, entre a jornada 13 e a 25, circunstâncias várias de uma época fértil de grandes dificuldades, desencadeou o inesperado perder de pontos que vieram a revelar-se decisivos e fatais para os objectivos a que a equipa se propusera. Nesses 12 jogos averbou 5 derrotas e 3 empates, hipotecando desde logo a possibilidade de conquistar o título. Seguiram-se 9 vitórias consecutivas, até ao final da prova que terminou com uma goleada frente ao novo campeão nacional, o surpreendente Boavista. Os Dragões mostraram então todo o seu poderio, com um futebol de encantar, dirigido por uma estrela em ascensão: Deco.
Os Dragões acabaram em 2º lugar, com 34 jogos, 24 vitórias, 4 empates, 6 derrotas, 73 golos marcados (melhor ataque), 27 sofridos, somando 76 pontos, menos 1 que o Boavista, mais 14 que o Sporting (3º) e mais 22 que o Benfica (6º).
O avançado portista Pena foi o melhor marcador da prova, com 22 golos apontados.
O título chegou via Taça de Portugal, depois de eliminar sucessivamente o Atlético, o Felgueiras, o Benfica (goleada nas Antas por 4-0, depois de um empate na Luz, por 1-1), o Bragança e o Sporting.
A final disputada no Estádio do Jamor, frente ao Marítimo, consagrou a equipa azul e branca.
A equipa insular assumiu a condição de adversário incómodo, disposto a fazer inverter a dose de favoritismo que recaía sobre o FC Porto. Apoiado por muitos adeptos oriundos da Madeira a que se somaram, nada surpreendentemente, uma significativa e estratégica franja de simpatizantes residentes na capital e subúrbios, o Marítimo tentou dar o máximo.
Mas a equipa de Fernando Santos surgiu desinibida, segura e ambiciosa, disposta a encerrar a época em glória.
Capucho foi o grande impulsionador do futebol ofensivo, não só pelas assistências para os golos de Pena e Alenitchev. Vitória por 2-0, segunda Taça de Portugal consecutiva, em 11 conquistadas.
Equipa titular na final do Jamor. Da esquerda para a direita, em cima: Capucho, Jorge Costa, Ovchinnikov, Jorge Andrade, Secretário e Paredes; Em baixo: Nélson, Deco, Clayton, Alenitchev e Pena.
Na supertaça Cândido de Oliveira foram necessários disputar três jogos para decidir a entrega do troféu. Jogada ainda a duas mãos, os confrontos frente o Sporting (finalista vencido da Taça de Portugal) constituíram embates muito equilibrados.
A primeira mão foi jogada nas Antas e constituiu uma espécie de ensaio geral para ambas as equipas, nas vésperas de iniciarem os confrontos que determinariam o sucesso ou o seu contrário, da época que se iniciava.
O jogo foi muito equilibrado com períodos alternados de maior evidência, de cada uma das equipas. O resultado final foi por isso um empate (1-1).
O jogo da segunda mão foi só disputado em 31 de Janeiro (5 meses depois!) e o resultado voltou a ser um empate, desta vez sem golos, onde de novo o equilíbrio foi a nota dominante.
Houve pois necessidade de se recorrer a um jogo de desempate, uma finalíssima, que foi disputado quase no final da época, mais precisamente em 16 de Maio, faltavam ainda jogar-se duas jornadas do campeonato nacional e a final da Taça de Portugal.
O palco do jogo foi o Estádio Municipal de Coimbra e mais uma vez as equipas apresentaram muitos receios e cautelas, redundando num jogo equilibrado e sem grandes atractivos. O Sporting venceu o jogo por 1-0, em golo de grande penalidade, quando o FC Porto tinha falhado aos 7 minutos a concretização de um lance semelhante. Venceu pois quem não falhou da marca de penalty.
Em termos internacionais, depois de falhar a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões Europeus, ao perder com o Anderlecht, os azuis e brancos acabaram por ter uma prestação muito positiva na Taça UEFA. Chegaram aos quartos-de-final da prova sendo aí eliminados pelo Liverpool.
A primeira vítima portista foi a equipa jugoslava do Partizan, com empate em Belgrado (1-1), golo de Pena e vitória caseira (1-0), golo de Drulovic.
Seguiram-se os polacos do Wisla Cracóvia, com empate sem golos na Polónia e vitória nas Antas, por 3-0, golos de Pena (2) e Alenitchev.
Espanyol, da vizinha Espanha, foi o adversário da 3ª eliminatória. Vitória portista em Espanha (0-2), com golos de Drulovic e Pena e empate sem golos nas Antas.
Nos oitavos-de-final o sorteio colocou os franceses do Nantes no caminho portista. Vitória dos Dragões, nas Antas por 3-1, golos de Esquerdinha, Gillet (na própria baliza) e Secretário. Em França foi o Nantes que venceu (2-1), mas foi o FC Porto que se qualificou. O golo portista foi marcado por Pena, a abrir o marcador.
Nos quartos-de-final, a 1ª mão jogou-se nas Antas. O Liverpool trazia apenas a preocupação de não sofrer golos e por isso os jogadores azuis e brancos tiveram muitas dificuldades em abeirar-se com perigo da área contrária. Ainda assim apareceram alguma boas ocasiões de golo que Pena e Deco desperdiçaram. Empate sem golos que colocava o FC Porto em desvantagem para o jogo seguinte.
Em Liverpool as coisas complicaram-se a partir do minuto 34. Dois golos em seis minutos, ditaram o destino da eliminatória. Fernando Santos apostou numa equipa diferente, deixando no banco os habituais Ovchinnikov, Aloísio, Deco, Drulovic e Capucho, segundo ele, para apostar em jogadores menos desgastados, acabando por perder o jogo.
(clicar no quadro para ampliar)
Nos 56 jogo oficiais, relativos às 5 provas em que o FC Porto esteve envolvido, Fernando Santos utilizou 27 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente dessa utilização: Capucho (51 jogos), Ovchinnikov (48), Deco (47), Paredes (46), Pena (44), Alenitchev (43), Drulovic (38), Aloísio e Secretário (36), Jorge Costa (35), Chainho e Nélson (34), Jorge Andrade (32), Cândido Costa e Esquerdinha (31), Clayton (28), Paulinho Santos (24), Folha (20), Maric (19), Domingos (17), Pizzi e Ricardo Silva (16), Romeu (14), Pavlin (12), Rubens Júnior (9), Pedro Espinha (8) e Peixe (6).
Fontes: Revista Dragões, Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar
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