ÉPOCA 1998/99
Concretizado e festejado o Tetra, Pinto da Costa já só pensava na época seguinte. O contrato de António Oliveira estava no fim, urgia renovar como parecia ser do interesse de ambas as partes, conforme conversas prévias antes de fechar a época.
As alterações na estrutura foram inevitáveis. Na equipa técnica apenas André e Mlynarczyk resistiram. Para além do treinador principal juntaram-se ainda os novos adjuntos Rodolfo Reis e Jorge Rosário. A preparação física ficou a cargo de Roger Spry.
O plantel sofreu também alguns ajustes, face às saídas de Sérgio Conceição para a Lázio de Roma e mais tarde de Doriva, no mercado de Inverno, para a Sampdória, também de Itália.
Do lado das aquisições continuavam as apostas nos guarda-redes. O internacional jugoslavo Kralj foi desta vez o indigitado para fazer esquecer Baía. Miki Feher, Panduru, Nelson, Ricardo Sousa, Ricardo Carvalho, Chainho e no mercado de Inverno Esquerdinha foram as cara novas.
O objectivo continuava a ser o mesmo de sempre: Vencer.
O campeonato iniciou-se nas Antas com uma vitória frente ao Rio-Ave por 4-0. A primeira fase da prova viria a revelar-se muito equilibrada e disputada. Só à 14ª jornada, o FC Porto logrou isolar-se no comando da classificação para não mais o largar.
Em 14 de Janeiro de 1999, Vítor Baía regressa a casa, por empréstimo do Barcelona, uma vez que o seu treinador Van Gaal, não lhe reconheceu os seus méritos. Assumiu a titularidade desde a 19ª jornada com uma estreia que se saldou numa goleada frente ao Beira-Mar, por 7-0.
O Boavista ainda deu alguma luta conseguindo 4 jornadas a um ponto de distância, no entanto o FC Porto embalou decisivamente para o título a partir da 26ª jornada.
De referir ainda a entrada no plantel de Deco, em Março, tendo-se estreado frente ao Braga com uma vitória por 1-0.
O Penta foi garantido na penúltima jornada na deslocação a Alvalade. O Boavista cedera um empate em Faro e foi já em clima de festa que os Dragões pisaram o relvado de Alvalade onde empataram 1-1.
A consagração fez-se nas Antas, frente ao Estrela da Amadora, em 30 de Maio de 1999.
Milhares de portistas acorreram ao estádio para celebrar o feito histórico e único no futebol português, o Pentacampeonato.
Os jogadores entraram pintados a preceito, evoluíram no relvado, marcaram dois golos e venceram o encontro. A festa que tinha arrancado nas bancadas, estendeu-se ao relvado e expandiu-se pelas ruas da cidade até à baixa.
O FC Porto concluiu o campeonato com o total de 79 pontos, em 24 vitórias, sete empates e três derrotas. Marcou 85 golos e sofreu 26. Foi um campeão com a melhor defesa e o melhor ataque e ainda com o melhor goleador nacional e europeu com 36 golos: Mário Jardel.
A participação portista, na Taça de Portugal foi modesta e frustrante. Esteve apenas em duas eliminatórias, onde deixou uma imagem longínqua das suas reais capacidades, mesmo jogando nas Antas contra equipas de segundo e terceiro planos.
O primeiro adversário foi o Famalicão, 7º classificado da II Divisão B (Zona Norte), que criou muitas dificuldades a uma equipa portista mesclada com jogadores menos utilizados. A equipa visitante agigantou-se e fez dois golos que deixaram as hostes portistas incrédulas. O FC Porto conseguiu reagir e levar o jogo para prolongamento. Aí, impôs-se a lei do mais forte, mas ficou o aviso.
O Adversário seguinte foi o modesto Torreense, a militar na II Divisão B (Zona Centro), que foi às Antas eliminar o FC Porto de forma surpreendente. A verdade é que a equipa portista, mais uma vez muito alterada na sua formação, não aprendeu nada com as dificuldades sentidas na eliminatória anterior e acabou justamente afastada prematuramente da prova, sem honra nem glória.
A Supertaça Cândido de Oliveira teve honras de abertura oficial da época. Mais uma vez disputada em duas mãos, coube ao FC Porto receber o Braga, nas Antas, em jogo da 1ª mão. Sem deslumbrar, os Dragões apresentaram os seus argumentos, dando alguns apontamentos interessantes e assumindo o comando do jogo, patenteando natural superioridade sobre o seu adversário e concretizando uma vitória justa, ainda que magra (1-0).
Foi pois com alguma expectativa que se disputou o jogo da 2ª mão em Braga. Esperava-se uma réplica tenaz da equipa minhota e foi isso que aconteceu. Ambas as equipas se apresentaram com grande pendor ofensivo, oferecendo um espectáculo intenso, interessante e emocionante. Foi o FC Porto o primeiro a chegar ao golo, mas dez minutos depois o Braga empatou na sequência de uma saída em falso do guardião portista Kralj que haveria de redimir-se ao minuto 90, ao defender uma grande penalidade, que a ser concretizada levaria a discussão do troféu para uma finalíssima.
O empate (1-1) garantiu ao FC Porto mais um título nacional.
Na Liga dos Campeões a performance portista foi também uma desilusão face ao 3º lugar na fase de Grupos, atrás de Olympiakos e Croácia Zagrebe, ficando afastado prematuramente dos jogos mais importantes da prova rainha do futebol europeu.
A prova começou nas Antas, frente ao Olympiakos num jogo em que os azuis e brancos venciam por 2-0 a cinco minutos do fim e num ápice deixaram-se surpreender, sofrendo dois golos inadmissíveis. Balde de água fria nas aspirações portistas!
Seguiu-se a deslocação a Amesterdão, para defrontar o Ajax. Nova desilusão. Apesar de ter feito uma exibição bem positiva, a equipa portista não foi feliz e saiu derrotada com queixas da arbitragem.
Na terceira jornada, finalmente a vitória. Frente ao Croatia Zagreb o FC Porto arrancou uma exibição de gala e uma vitória clara (3-0), relançando a esperança e ambição para o objectivo de alcançar o patamar seguinte da prova.
Porém, a deslocação a Zagrebe, voltou a piorar a situação. Derrota num campo pesado e em condições atmosféricas desfavoráveis, a que se juntaram alguns percalços pouco normais, contribuíram para uma performance pouco consistente.
De mal a pior foi o que aconteceu em Atenas. Num jogo em que os portistas foram superiores, demonstrando ter melhores argumentos que o adversário, o desperdício na concretização (até um penalty se falhou) acabou por ser fatal. Derrota injusta a castigar a falta de pontaria.
A prova para o FC Porto encerraria nas Antas, frente ao Ajax. Vitória clara por 3-0, numa exibição bem conseguida, a demonstrar que os azuis e brancos eram a melhor equipa do Grupo, mas não foram capazes de o demonstrar nos momentos cruciais.
(Clicar no quadro para ampliar)
Nos 44 jogos jogos oficiais, relativos às 4 provas em que a equipa do FC Porto esteve envolvido, Fernando Santos utilizou 30 atletas, aqui descriminados por ordem decrescente dessa utilização: Aloísio e Drulovic (42 jogos), Capucho e Jorge Costa (41), Jardel e Zahovic (39), Secretário (38), Rui Barros (31), Chainho, Fernando Mendes e Paulinho Santos (28), Doriva (24), João Manuel Pinto (22), Chippo (20), Mielcarski (17), Vítor Baía (16), Peixe e Ruo Correia (15), Quinzinho (13), Kralj e Esquerdinha (12), Artur e Panduru (10), Fehér (9), Deco (6), Nélson (4), Costinha (3), Folha e Carlos Manuel (2)e Ricardo Carvalho (1).
Fontes: Baú de Memórias, de Rui Anjos; Revista Dragões e Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar
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