ARTUR DE SOUSA «PINGA» - Goleador Nº 5
Hoje vamos falar de um dos mais emblemáticos futebolistas de sempre, do futebol nacional. Não o vi jogar, mas a informação que colhi do meu progenitor, é que se tratava do melhor jogadores português de todos os tempos, muito superior ao Eusébio, só que não teve a força propagandista da Comunicação Social, por ter escolhido equipar de azul e branco. Assim, a crítica especializada limitou-se a considerá-lo como «um dos melhores» jogadores portugueses.
Dotado de uma estonteante finta curta e um extraordinário e letal pé esquerdo, Pinga caracterizava-se ainda pela sua técnica bem apurada e por uma lúcida visão de jogo, que fizeram dele um verdadeiro fora de série.
Nascido na Ilha da Madeira a 30 de Setembro de 1909, foi um «produto» das escolas de formação do CS Marítimo, do Funchal, tendo chegado à equipa principal com apenas 18 anos, altura em que apresentava já um futebol bastante inteligente, adulto e evoluído .
Em Julho de 1930 exibiu-se no Estádio do Lima, no Porto, num jogo intercidades, frequentes nessa altura, com vitória do Porto sobre o Funchal, por 3-1, mas onde o futebolista madeirense fascinou não só o público em geral como também os dirigentes azuis e brancos que logo tentaram assegurar o seu concurso. Porém, por imposição de sua mãe, teve de regressar à ilha, abortando a possibilidade da transferência.
Mais tarde, Artur de Sousa voltaria ao Continente para representar a Selecção nacional, que por amuo da Associação de Futebol de Lisboa impediu a participação dos atletas da sua área geográfica, tendo a equipa nacional sido forma com atletas do Porto, Setúbal e Funchal. Foi a oportunidade de ouro para Pinga brilhar e mostrar toda a gama dos seus recursos. O jogo foi contra a Espanha e constituiu a primeira das 21 internacionalizações, ao longo da sua carreira.
Depois de tal desempenho choveram propostas de vário clubes, mas o FC Porto ganharia na insistência, graças aos desempenhos do Presidente portista Dumont Villares e do treinador Szabo. Pinga assinou a 23 de Dezembro de 1930 e estreou-se dois dias depois contra o Salgueiros.
Durante as 15 temporadas ao serviço do FC Porto, registou as marcas de 400 jogos e 394 golos (contando naturalmente com os jogos particulares e os do campeonato regional). Em jogos oficiais, de carácter nacional, apontou 144 golos em 219 jogos, conforme mapa abaixo.
Foi duas vezes campeão nacional, venceu 1 liga nacional e foi por uma vez o melhor artilheiro do campeonato, mas ainda não estava instituído qualquer prémio. Venceu também por duas vezes o Campeonato de Portugal, prova precursora da Taça de Portugal.
Na temporada de 1933/34 o FC Porto foi impedido de disputar o Campeonato de Portugal, pela A.F. do Porto, por se ter negado a ceder os seus jogadores à selecção regional, com vista ao jogo com Lisboa, razão pela qual Pinga não registou nessa época qualquer jogo ou golo.
A 7 de Julho de 1946 despediu-se como jogador, dos campos de futebol. O Estádio do Lima encheu-se para presenciar um festival que contou com um desfile em que tomaram parte 500 atletas de dezenas de colectividades, com um jogo em que o FC Porto venceu um «Misto nacional», por 5-4 e teve como ponto alto o momento em que o Governador Civil do Porto condecorou «Pinga» com a Medalha de Ouro da Federação Portuguesa de Futebol.
A 7 de Julho de 1946 despediu-se como jogador, dos campos de futebol. O Estádio do Lima encheu-se para presenciar um festival que contou com um desfile em que tomaram parte 500 atletas de dezenas de colectividades, com um jogo em que o FC Porto venceu um «Misto nacional», por 5-4 e teve como ponto alto o momento em que o Governador Civil do Porto condecorou «Pinga» com a Medalha de Ouro da Federação Portuguesa de Futebol.
Quando depois de ter treinado a Sanjoanense, o Tirsense e o Gouveia, trabalhava nos infantis do FC Porto e iria passar a coadjuvar o mestre Artur Baeta na equipa júnior, a morte levou-o no dia 12 de Junho de 1963. Era o desaparecimento de uma glória do futebol nacional, da 1ª legenda do futebol portista, daquele «patrão de equipa» que constituiu, com Valdemar Mota e Acácio Mesquita, o famoso e temido trio atacante azul e branco, popularizado para a eternidade como «OS TRÊS DIABOS DO MEIO DIA».
Palmarés ao serviço do FC Porto (5 títulos):
2 Campeonatos de Portugal (1931/32 e 1936/37)
1 Liga Portuguesa (1934/35)
2 Campeonatos Nacionais (1938/39 e 1939/40)
Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar; Figuras e Factos, de J. Tamagnini Barbosa e Manuel Dias; ZeroZero.pt
Caro amigo,
ResponderEliminarParabéns pelo seu excelente trabalho!
Permita-me um reparo: há uma confusão com os números da Taça/Camp.Portugal, entre 34/35 e 37/38. Nesse período não havia Taça de Portugal (1ª ed. em 38/39). Talvez sejam os números do Campeonato de Portugal?
Em 33/34, o FC Porto foi impedido de participar no Campeonato de Portugal, por castigo da FPF (mais uma infâmia envolvendo o slb, mas adiante...), não seria melhor colocar "-" em vez de "0" já que não houve participação do nosso clube?
Por último, Pinga chegou ao Porto em 1930 e marcou inúmeros golos no Campeonato Regional da AF Porto, porque não incluir esses números?
Cumprimentos,
Obrigado amigo António Rocha pelos reparos que em boa hora decidiu fazer, pois permitiram chamar-me à atenção do erro, que graças a si está já reparado.
ResponderEliminarA segunda parte da sua questão é igualmente pertinente, mas decidi evidenciar neste trabalho apenas os jogos e golos nas provas oficiais de carácter nacional e internacional, pelo que os jogos dos campeonatos regionais, de reservas, do Porto, Taças de Honra AFPorto, da Taça do Norte de Portugal, da Taça Ribeiro dos Reis e recentemente da Liga Intercalar, não faça parte deste estudo.
Um abraço
@ Rui Anjos
ResponderEliminarquem muito me falou sobre ele foi o meu Avô.
também ele foi da opinião que o 'deusébio' é um "produto" de uma Comunicação Social sempre, mas sempre favorável ao um certo e determinado clube (dito) «glorioso».
(aliás, para além do saudoso 'Pinga?, também me falava muito do Hernâni - certamente que num outro estilo, mas igualmente letal, em termos de concretização)
abr@ço
Miguel | Tomo II