terça-feira, 29 de dezembro de 2015

BATER NO FUNDO NA TAÇA DA ALERGIA
















FICHA DO JOGO



























Decididamente este troféu esteve e continua a estar fora dos objectivos do FC Porto. Pelo menos enquanto estiverem no horizonte provas bem mais importantes para conquistar. Com um jogo de imensa responsabilidade no próximo Sábado, onde os Dragões vão realmente pôr à prova o seu verdadeiro potencial, era suposto e normal que Julen Lopetegui procedesse a uma gestão profunda no onze titular. Creio que por aqui nenhum portista consciente será capaz de o crucificar.






















O que não era suposto nem foi normal foi o desempenho da equipa durante estes fatídicos 96 minutos. Foi aquilo a que se pode chamar bater no fundo com estrondo. E nem sequer podemos atribuir a culpa aos jogadores menos utilizados, pelo menos alguns que mostraram alguma qualidade. Foram os mais utilizados/mais experientes que falharam (Maicon, Marcano, Tello e Varela) a par de uma rotina de jogo com a marca Lopetegui, que não ata nem desata, ao contrário, baralha, confunde, desmotiva e compromete. Este jogo de circulação inconsequente que termina invariavelmente com passes errados e contra ataques do adversário.

A forma como o FC Porto entrou para este jogo é a imagem e uma equipa incapaz de jogar no último terço do adversário. Muita parra e pouca uva, ou seja muita troca de bola, muita posse, mas também muita incapacidade para romper pelas zonas interiores. Jogadores muito estáticos, sem velocidade, que à primeira dificuldade atrasam a bola, quantas vezes ignorando linhas de passe mais ofensivas. É uma tendência impregnada de jogar para trás e para os lados, sem critério e sem consistência, quiçá fruto do trabalho desenvolvido durante a semana. A somar a tudo isto, uma lentidão de processos e raciocínio que até dói.

O resultado desta abordagem foi que a única verdadeira ocasião portista de golo surgiu já perto do fim da primeira parte, aos 38 minutos num bom ataque pela esquerda com José Angel a meter a bola bem no coração da área onde André Silva, depois de uma óptima recepção orientada, rematou forte, mas à figura de Salin, já o Marítimo tinha criado calafrios num canto em que um dos seus defesas centrais foi saltar mais alto que os centrais azuis e brancos, cabeceando à vontade, mas para fora.

Se a primeira parte tinha sido sensaborona, a segunda foi fatídica. André André, ficou no balneário para a entrada de Imbula, que se colocou como trinco, originando o adiantamento de Sérgio Oliveira.

A performance portista passou de má a péssima e num livre a meio campo (Sérgio Oliveira, sem pernas, agarrou Marega), surgiu o segundo golo do Marítimo. Bola colocada na entrada da pequena área, Fransérgio entre Marcano e Maicon saltou tranquilo, cabeceando simples para bater Helton. Falha defensiva que só a indolência pode explicar.

A partir desse momento uma grande parte dos associados do FC Porto perdeu a paciência passando a soltar os seus estridentes assobios, mostrando de forma clara e inequívoca o seu descontentamento. A equipa sentiu o golo e também o desagrado.

Tudo poderia ter sido alterado se por volta dos 50 minutos André Silva tivesse aproveitado um mau atraso para o guarda-redes, o jovem e prometedor avançado portista chegou primeiro à bola, mas o guardião contrário conseguiu cobrir com o corpo o remate, a bola ainda sobrou para Evandro, que apesar de bem mais experiente, falhou a tentativa de chapéu, colocando a bola ao alcance de um defesa que aliviou de cabeça, perdendo-se assim uma possibilidade soberana de chegar ao empate.

Logo a seguir o Mesmo André Silva voltou a tentar o remate, mas sem êxito. Aos 58 minutos o Marítimo, aproveitando o desnorte azul e branco, esteve perto de dilatar o marcador, com a bola a passar bem perto do poste direito de Helton. Perante tanta fragilidade patenteada, o coro de assobios passou a ser ainda mais convincente.

O certo é que aos 70 minutos, em novo contra ataque os insulares chegaram ao segundo golo. Jogada aparentemente inofensiva, com a bola a ser metida na área portista. Marcano completamente desastrado em vez de afastar a bola, cabeceou assistindo Alex Soares que aproveitou o brinde, fez a bola subir por cima de Helton e ainda teve tempo de esperar que caísse na linha de golo para confirmar o dilatar do marcador. Explosão de assobios, acompanhada de lenços brancos para Lopetegui. Espectáculo deplorável como há muito tempo não se assistia no Dragão.

Dois minutos depois os insulares voltaram a criar muito perigo, adivinhava-se o terceiro a todo o momento.

As entradas de Corona e Aboubakar deram um novo alento aos portistas, mas não o suficiente para deixar de somar erros defensivos de muita gravidade. O avançado africano ainda apareceu aos 76 minutos na cara de Salin, mas atirou-lhe contra as pernas. Não marcou o Porto, marcou o Marítimo. Simples e eficaz. Bola colocada entre Marcano e José Angel, Marega mais rápido isolou-se, deu dois passos, olhou a baliza e disparou para o terceiro golo.

Já no cair do pano, no último minuto da compensação, Aboubakar finalmente encontrou o caminho do golo. Lançamento para a entrada da área, domínio da bola com o peito seguido de remate violente sem hipóteses de defesa. Logo a seguir o apito final do árbitro, com Lopetegui a desaparecer no túnel, para não ouvir mais assobios.

Com esta derrota o FC Porto fica praticamente fora da prova, já que o seu adversário directo, o Marítimo leva já duas vitórias, bastando-lhe um ponto para seguir em frente. 

2 comentários:

  1. Mau demais para dizer seja o que for... Receio vem o que está para vir no fim-de-semana. Se for o que eu espero, nem o treinador nem a equipa vão voltar a ter paz ( e reconheça-se... não o merecem, nem fazem por merecer...) até ao fim da época...

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