ÉPOCA 1994/95
Como habitualmente, a Comunicação Social lançara antecipadamente os seus favoritos à conquista do título nacional, deixando obviamente o FC Porto de fora.
O plantel portista, orientado por Bobby Robson, conhecera algumas alterações, desde logo a saída de Fernando Couto para o Parma, de Itália e Kostadinov para o Dep. La Coruña, de Espanha, compensadas com a entrada de várias caras novas e do regresso de Rui Barros, depois de ter passado pela Juventus, Mónaco e Marselha.
Da esquerda para a direita, em cima: Funcionário (não identificado), Vítor Nóvoa, Baroni, André, Rui Jorge, Jorge Couto, Semedo, Vítor Baía, Paulinho Santos, Jorge Costa, Aloísio, Cândido e Secretário; Ao meio: Agostinho (roupeiro, José Luis e Rodolfo Moura (massagistas), Mlynarkzyc, Murça e Inácio (adjuntos), Reinaldo Teles (director), Bobby Robson (treinador), José Mourinho (adjunto), Vítor Frade (preparador físico), Fernando Brandão e Ricardo (roupeiros), Em baixo: Folha, Domingos, Latapy, Walter Paz, Bandeirinha, Emerson, Zé Carlos, João Pinto, Jaime Magalhães, Rui Barros, Yuran, Drulovic e Kulkov.
Não começou bem o campeonato pois ao cabo da 7ª jornada já tinha perdido 3 pontos (empate na Luz e derrota no Funchal, frente ao Marítimo), mas a equipa soube encontrar uma cadência de vitórias consecutivas que a colocaram no trilho do título.
Onze titular da 1ª Jornada - Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Zé Carlos, Rmerson, Secretário, Jorge Costa e João Pinto; Em baixo: Drulovic, Paulinho Santos, Domingos, Rui Filipe e Folha.
Mas neste início de campeonato dois acontecimentos de cariz opostos marcaram a vida azul e branca. O primeiro, a trágica morte do promissor Rui Filipe, em acidente de viação e o segundo, mais reconfortante, a aquisição dos dois atletas russos, Yuran e Kulkov, que se estreariam na 3ª jornada, nas Antas, frente ao União da Madeira.
Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Zé Carlos, Emerson, Kulkov, Aloísio e João Pinto; Em baixo: Yuran, Jorge Couto, Rui Barros, Folha e Paulinho Santos.
O título foi matematicamente alcançado na 31ª Jornada, na deslocação a Alvalade, onde o FC Porto venceu por 0-1, com uma exibição autoritária, categórica e inequívoca, mas seria nas Antas, na última jornada, frente ao Tirsense, a festa da consagração final, com direito a goleada (4-0).
Equipa titular que se sagrou campeã nacional, frente ao Tirsense. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Bandeirinha, Zé Carlos, Emerson, Jorge Costa e Paulinho Santos; Em baixo: André, Domingos, Folha, Rui Barros e Secretário.
A equipa portista patenteou durante quase toda a prova grande solidez e eficácia defensiva, bem como um alto índice de concretização atacante, que fez dela a equipa menos batida do campeonato (15 golos sofridos) e a que mais golos marcou (73 golos marcados). A qualidade do seu futebol acabou por ser reconhecida por todos, tal como a justiça na vitória do título. Terminou a prova com o registo de 34 jogos, 29 vitórias, 4 empates, 1 derrota e 62 pontos, mais 7 que o Sporting e mais 13 que o Benfica.
Na Taça de Portugal foi eliminado nas meias finais pelo Marítimo, no Funchal, com derrota por 1-0. A equipa insular acabaria por ser a «besta negra» pois foi a única que conseguiu derrotar o FC Porto e logo por duas vezes (Campeonato e Taça). Estoril, União de Leiria, Louletano e Leça, foram as vítimas portistas que foram ficando pelo caminho.
A Supertaça Cândido de Oliveira teve, durante a época, duas edições. A primeira relativa à de (1992/93), decisão que ficara adiada na época anterior, frente ao Benfica. O jogo da finalíssima teve lugar em Coimbra (campo neutro), onde o FC Porto conquistou a sua 7ª Supertaça.
Foi um jogo durante o qual a única equipa que deu mostras de merecer a vitória foi a do FC Porto, mas quando tudo parecia estar resolvido sempre surgia um golo estranho do adversário. Foi assim durante o tempo regulamentar, com Domingos a marcar aos 84 minutos e Tavares a responder aos 89; Foi assim também no prolongamento, com Secretário a concretizar aos 95 minutos e César Brito a restabelecer a igualdade aos 118. Nas grandes penalidades o FC Porto foi mais eficaz. Na série de cinco grandes penalidades só João Pinto falhou, por parte dos Dragões enquanto do lado oposto falharam Kenedy (defesa de Vítor Baía) e William (para fora). No final, vitória portista por 6-5.
Mais uma vez foram necessários 3 jogos para decidir o vencedor. O primeiro disputou-se na Luz e ficou marcado pelo golo fantástico apontado por Rui Filipe aos 72 minutos. Como que num gesto premonitório, o médio do FC Porto rubricou um golo de adeus que foi uma autêntica obra de arte de bem jogar futebol. Viria a ser expulso, já perto do final da partida e foi no dia em que cumpria o castigo que perdeu a vida. O jogo terminaria empatado (1-1), com golo benfiquista apontado por V. Paneira, aos 75 minutos.
Equipa titular, na Luz, jogo da 1ª mão da Supertaça. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Emerson, Zé Carlos, Rui Filipe, Aloísio e João Pinto; Em baixo: Secretário, Folha, Paulinho Santos, André e Kostadinov.
O jogo da 2ª mão, disputado nas Antas, não teve grandes motivos de interesse. O desgaste provocado pela frequência com que as duas equipas foram obrigadas a defrontarem-se, num curto espaço de tempo, acabaram por determinar a fraca qualidade técnica e também alguma desmotivação que o resultado em branco ilustrou. Mais uma finalíssima ficou pendurada até ao final da época para decidir o vencedor.
Marcada para 20 de Junho de 1995, último jogo da época, no Parque dos Príncipes, em Paris, a luz foi azul. A vitória final foi apenas a confirmação da superior qualidade de uma equipa habituada a vencer. Foi uma noite de glória em que os jogadores azuis e brancos puseram em campo toda a sua classe, a sua capacidade de dominar o adversário, a sua ambição e o seu talento. Vítor Baía e Domingos sobressaíram, pertencendo ao avançado a autoria do único golo da partida, conseguido aos 51 minutos do jogo.
Em termos internacionais o FC Porto esteve integrado na disputa da Taça das Taças. O sorteio ditou como primeiro adversário os polacos do KS Lodz, que na 1ª mão vieram às Antas. Domingos a abrir e Rui Barros a fechar, construíram o resultado, num jogo onde eram esperadas maiores facilidades, tendo em conta a menor valia do adversário. O esquema defensivo polaco acabou por retardar a marcha do marcador, que só começou a funcionar a partir dos 71 minutos.
No jogo da 2ª mão, na Polónia, a jogar com dez durante uma hora, por acumulação de amarelos de Rui Jorge, o FC Porto adoptou a postura que as circunstâncias exigiram, gerindo o jogo de acordo com as conveniências. O golo de Drulovic aos 44 minutos, reforçou a tranquilidade, até final, os Dragões limitaram-se a fazer passar o tempo.
A 2ª eliminatória foi discutida com os húngaros do Ferencvaros. A 1ª mão, jogada nas Antas, traduziu-se numa barrigada de golos, 6-0. Jogo simples, prático e contundente. Já a 2ª mão foi completamente diferente. Afinal os húngaros não eram assim tão maus como o resultado das Antas sugeriu e a tentativa de fazer descansar alguns jogadores do plantel portista não resultou. O Ferencvaros tomou conta do jogo em algumas ocasiões e acabou por merecer a vitória, por 2-0, embora sem jamais ter posto em causa a eliminatória.
Nos quartos-de-final foram os italianos da Sampdória que se cruzaram no caminho do FC Porto. A 1ª mão, em Génova mostrou um FC Porto, forte, surpreendente e personalizado. Entrou a mandar no jogo e só por alguma falta de sorte não chegaram ao intervalo a vencer por dois ou três a zero. Mas o merecido golo chegou aos 64 minutos pelo russo Yuran, um golo de antologia. A bola saiu das mãos de Baía e, com apenas quatro toques chegou ao fundo das redes de Zenga. Resultado magro para uma bela exibição.
Nas Antas é que a sorte virou mesmo as costas ao FC Porto. Os Dragões voltaram a apresentar bom futebol, mas os deuses eram italianos. A Sampdória sempre numa toada cautelosa, com o seu cinismo, foi levando a água ao seu moinho até que conseguiu marcar (48'). Os Dragões intranquilizaram, perderam algumas oportunidades, o jogo foi para prolongamento e depois para a lotaria das grandes penalidades. Os italianos foram eficazes, transformando todos, enquanto do lado portista Latapy falhou.
(Clicar no quadro para ampliar)
Fontes: Baú de Memórias, de Rui Anjos; Revista Dragões; Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar
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