quinta-feira, 21 de novembro de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 90

ÉPOCA 1994/95

Como habitualmente, a Comunicação Social lançara antecipadamente os seus favoritos à conquista do título nacional, deixando obviamente o FC Porto de fora.

O plantel portista, orientado por Bobby Robson, conhecera algumas alterações, desde logo a saída de Fernando Couto para o Parma, de Itália e Kostadinov para o Dep. La Coruña, de Espanha, compensadas com a entrada de várias caras novas e do regresso de Rui Barros, depois de ter passado pela Juventus, Mónaco e Marselha.


















Da esquerda para a direita, em cima: Funcionário (não identificado), Vítor Nóvoa, Baroni, André, Rui Jorge, Jorge Couto, Semedo, Vítor Baía, Paulinho Santos, Jorge Costa, Aloísio, Cândido e Secretário; Ao meio: Agostinho (roupeiro, José Luis  e Rodolfo Moura (massagistas), Mlynarkzyc, Murça e Inácio (adjuntos), Reinaldo Teles (director), Bobby Robson (treinador), José Mourinho (adjunto), Vítor Frade (preparador físico), Fernando Brandão e Ricardo (roupeiros), Em baixo: Folha, Domingos, Latapy, Walter Paz, Bandeirinha, Emerson, Zé Carlos, João Pinto, Jaime Magalhães, Rui Barros, Yuran, Drulovic e Kulkov.


Não começou bem o campeonato pois ao cabo da 7ª jornada já tinha perdido 3 pontos (empate na Luz e derrota no Funchal, frente ao Marítimo), mas a equipa soube encontrar uma cadência de vitórias consecutivas que a colocaram no trilho do título. 




















Onze titular da 1ª Jornada - Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Zé Carlos, Rmerson, Secretário, Jorge Costa e João Pinto; Em baixo: Drulovic, Paulinho Santos, Domingos, Rui Filipe e Folha.


Mas neste início de campeonato dois acontecimentos de cariz opostos marcaram a vida azul e branca. O primeiro, a trágica morte do promissor Rui Filipe, em acidente de viação e o segundo, mais reconfortante, a aquisição dos dois atletas russos, Yuran e Kulkov, que se estreariam na 3ª jornada, nas Antas, frente ao União da Madeira.

























Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Zé Carlos, Emerson, Kulkov, Aloísio e João Pinto; Em baixo: Yuran, Jorge Couto, Rui Barros, Folha e Paulinho Santos.


O título foi matematicamente alcançado na 31ª Jornada, na deslocação a Alvalade, onde o FC Porto venceu por 0-1, com uma exibição autoritária, categórica e inequívoca, mas seria nas Antas, na última jornada, frente ao Tirsense, a festa da consagração final, com direito a goleada (4-0).




















Equipa titular que se sagrou campeã nacional, frente ao Tirsense. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Bandeirinha, Zé Carlos, Emerson, Jorge Costa e Paulinho Santos; Em baixo: André, Domingos, Folha, Rui Barros e Secretário.


A equipa portista patenteou durante quase toda a prova grande solidez e eficácia defensiva, bem como um alto índice de concretização atacante, que fez dela a equipa menos batida do campeonato (15 golos sofridos) e a que mais golos marcou (73 golos marcados). A qualidade do seu futebol acabou por ser reconhecida por todos, tal como a justiça na vitória do título. Terminou a prova com o registo de 34 jogos, 29 vitórias, 4 empates, 1 derrota e 62 pontos, mais 7 que o Sporting e mais 13 que o Benfica.

Na Taça de Portugal foi eliminado nas meias finais pelo Marítimo, no Funchal, com derrota por 1-0. A equipa insular acabaria por ser a «besta negra» pois foi a única que conseguiu derrotar o FC Porto e logo por duas vezes (Campeonato e Taça). Estoril, União de Leiria, Louletano e Leça, foram as vítimas portistas que foram ficando pelo caminho.

A Supertaça Cândido de Oliveira teve, durante a época, duas edições. A primeira relativa à de (1992/93), decisão que ficara adiada na época anterior,  frente ao Benfica. O jogo da finalíssima teve lugar em Coimbra (campo neutro), onde o FC Porto conquistou a sua 7ª Supertaça.

Foi um jogo durante o qual a única equipa que deu mostras de merecer a vitória foi a do FC Porto, mas quando tudo parecia estar resolvido sempre surgia um golo estranho do adversário. Foi assim durante o tempo regulamentar, com Domingos a marcar aos 84 minutos e Tavares a responder aos 89; Foi assim também no prolongamento, com Secretário a concretizar aos 95 minutos e César Brito a restabelecer a igualdade aos 118. Nas grandes penalidades o FC Porto foi mais eficaz. Na série de cinco grandes penalidades só João Pinto falhou, por parte dos Dragões enquanto do lado oposto falharam Kenedy (defesa de Vítor Baía) e William (para fora). No final, vitória portista por 6-5.




A segunda edição, relativa à temporada 1993/94, jogada como habitualmente em duas mãos, teve como adversário o mesmo clube, o Benfica.

Mais uma vez foram necessários 3 jogos para decidir o vencedor. O primeiro disputou-se na Luz e ficou marcado pelo golo fantástico apontado por Rui Filipe aos 72 minutos. Como que num gesto premonitório, o médio do FC Porto rubricou um golo de adeus que foi uma autêntica obra de arte de bem jogar futebol. Viria a ser expulso, já perto do final da partida e foi no dia em que cumpria o castigo que perdeu a vida. O jogo terminaria empatado (1-1), com golo benfiquista apontado por V. Paneira, aos 75 minutos.

























Equipa titular, na Luz, jogo da 1ª mão da Supertaça. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Emerson, Zé Carlos, Rui Filipe, Aloísio e João Pinto; Em baixo: Secretário, Folha, Paulinho Santos, André e Kostadinov.


O jogo da 2ª mão, disputado nas Antas, não teve grandes motivos de interesse. O desgaste provocado pela frequência com que as duas equipas foram obrigadas a defrontarem-se, num curto espaço de tempo, acabaram por determinar a fraca qualidade técnica e também alguma desmotivação que o resultado em branco ilustrou. Mais uma finalíssima ficou pendurada até ao final da época para decidir o vencedor.

Marcada para 20 de Junho de 1995, último jogo da época, no Parque dos Príncipes, em Paris, a luz foi azul. A vitória final foi apenas a confirmação da superior qualidade de uma equipa habituada a vencer. Foi uma noite de glória em que os jogadores azuis e brancos puseram em campo toda a sua classe, a sua capacidade de dominar o adversário, a sua ambição e o seu talento. Vítor Baía e Domingos sobressaíram, pertencendo ao avançado a autoria do único golo da partida, conseguido aos 51 minutos do jogo.




















Em termos internacionais o FC Porto esteve integrado na disputa da Taça das Taças. O sorteio ditou como primeiro adversário os polacos do KS Lodz, que na 1ª mão vieram às Antas. Domingos a abrir e Rui Barros a fechar, construíram o resultado, num jogo onde eram esperadas maiores facilidades, tendo em conta a menor valia do adversário. O esquema defensivo polaco acabou por retardar a marcha do marcador, que só começou a funcionar a partir dos 71 minutos.

No jogo da 2ª mão, na Polónia, a jogar com dez durante uma hora, por acumulação de amarelos de Rui Jorge, o FC Porto adoptou a postura que as circunstâncias exigiram, gerindo o jogo de acordo com as conveniências. O golo de Drulovic aos 44 minutos, reforçou a tranquilidade, até final, os Dragões limitaram-se a fazer passar o tempo.

A 2ª eliminatória foi discutida com os húngaros do Ferencvaros. A 1ª mão, jogada nas Antas, traduziu-se numa barrigada de golos, 6-0. Jogo simples, prático e contundente. Já a 2ª mão foi completamente diferente. Afinal os húngaros não eram assim tão maus como o resultado das Antas sugeriu e a tentativa de fazer descansar alguns jogadores do plantel portista não resultou. O Ferencvaros tomou conta do jogo em algumas ocasiões e acabou por merecer a vitória, por 2-0, embora sem jamais ter posto em causa a eliminatória.

Nos quartos-de-final foram os italianos da Sampdória que se cruzaram no caminho do FC Porto. A 1ª mão, em Génova mostrou um FC Porto, forte, surpreendente e personalizado. Entrou a mandar no jogo e só por alguma falta de sorte não chegaram ao intervalo a vencer por dois ou três a zero. Mas o merecido golo chegou aos 64 minutos pelo russo Yuran, um golo de antologia. A bola saiu das mãos de Baía e, com apenas quatro toques chegou ao fundo das redes de Zenga. Resultado magro para uma bela exibição.



























Nas Antas é que a sorte virou mesmo as costas ao FC Porto. Os Dragões voltaram a apresentar bom futebol, mas os deuses eram italianos. A Sampdória sempre numa toada cautelosa, com o seu cinismo, foi levando a água ao seu moinho até que conseguiu marcar (48'). Os Dragões intranquilizaram, perderam algumas oportunidades, o jogo foi para prolongamento e depois para a lotaria das grandes penalidades. Os italianos foram eficazes, transformando todos, enquanto do lado portista Latapy falhou. 





































(Clicar no quadro para ampliar)

Nos 49 jogos oficiais em que o FC Porto esteve envolvido, relativo a 4 provas, Bobby Robson recorreu ao concurso de 26 atletas, aqui referidos por ordem decrescente da sua utilização: Vítor Baía (48 jogos), Domingos (45), Emerson e Paulinho Santos (44), Aloísio (43), Secretário (41), João Pinto (40), Folha (39), Zé Carlos (38), Rui Barros (37), Drulovic (34), Yuran (30), Kulkov (27), Rui Jorge (24), Latapy (21), Jorge Costa e Baroni (20), Jorge Couto, André e Bandeirinha (9), Semedo (5), Kostadinov (4), Rui Filipe e Cândido (3), Jaime Magalhães (2) e Vítor Nóvoa (1).

Fontes: Baú de Memórias, de Rui Anjos; Revista Dragões; Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar

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