PODE-SE SER CAMPEÃO A JOGAR ASSIM?

FICHA DO JOGO

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Dormir à sombra da bananeira foi o que a equipa do FC Porto se dignou fazer hoje perante um adversário que já lhe tinha causado dissabores semelhantes no joga da Taça de Portugal, em que os azuis e brancos saíram copiosamente derrotados.

A Académica, com a lição bem estudada, apareceu mais uma vez muito bem organizada e solidária nas tarefas defensivas, roubando espaços para a manobra dos jogadores portistas, que, numa toada irritantemente pausada e nada imaginativa, iam mastigando e denunciando o seu futebol, exagerando nos passes errados e sem progressão, facilitando a tarefa forasteira, que se deu ao luxo de esporadicamente pôr em sentido a defensiva portista.

Só depois da meia hora de jogo, os Campeões nacionais conseguiram um primeiro remate que, ainda assim, saiu desenquadrado da baliza. Os lances mais perigosos aconteceram na área portista e daí até ao golo que gelou o Dragão foi um ápice. Tal como no famigerado jogo da Taça, o FC Porto não conseguiu impor, durante toda a primeira parte, argumentos para ultrapassar o esquema defensivo arquitectado por Pedro Emanuel.

Vítor Pereira fez o mesmo onze entrar para o segundo tempo e os primeiros minutos não foram muito diferentes. A equipa parecia tolhida, sem rasgo, sem ideias, sem soluções. 

Quando perceberam que seria necessário um pouco mais de velocidade, os azuis e brancos começaram a aparecer com mais frequência junto da área de Peiser, mas os estudantes iam resolvendo com maior ou menor dificuldade tais investidas, que diga-se em abono da verdade, pareciam conduzidas com mais coração do que discernimento.  O treinador, que já tinha perdido Fernando aos 37', por lesão, foi tardio a fazer as correcções devidas. Sapunaru não dava a profundidade que se exigia, mas só aos 53' se decidiu pelo óbvio, meter no seu lugar Djalma, que tão bem se tinha exibido na Luz em idênticas funções.

À medida que o relógio avançava, o nervosismo começava a invadir os atletas, contagiando-se ao público e... ao árbitro. As forças foram abandonando a equipa de Coimbra, cada vez mais dedicada a tarefas destrutivas, nem que para isso fosse necessário recorrer ao anti-jogo, simulando lesões e demorando as reposições de bola, com a complacência do homem do apito.

Os jogadores portistas foram finalmente capazes de burilar lances de golo, sofregamente desperdiçadas ou então desfeitas pelos aguerridos defensores contrários. Tal como o cântaro que tantas vezes foi à fonte até que deixou lá a asa, também o ataque portista acabou por beneficiar da «asa» do defesa Habib, que é como quem diz, pelo corte com o braço, dentro da área, em cima dos 90 minutos, prontamente sancionado pelo artista do apito, ele que já tinha feito vista grossa, aos 56', num derrube de Nivaldo sobre Hulk, a merecer o mesmo tratamento. O incrível é que para além de não assinalar esse lance ainda mostrou o amarelo a Hulk, que assim fica fora do próximo jogo contra o Nacional.

O empate conseguido a ferros é o castigo justo para uma primeira parte a roçar o medíocre, numa atitude similar ao que, como já disse, vimos em Coimbra para a Taça. Os jogadores portistas não perceberam que a vitória da semana passada não encerrou o campeonato.

Hoje os destaques só podem ser pela negativa. A atitude com que a equipa encarou a primeira parte é inadmissível. Pensei sinceramente os jogadores já estavam avisados para as consequências. Neste jogo, houve pouco Lucho, pouco Moutinho, pouco James e pouco Hulk , afinal as peças nucleares para o bom funcionamento do motor. Álvaro Pereira parece que desaprendeu a cruzar, não acerta um! Para cúmulo Rolando, que deu a fífia habitual, no golo da Académica, reagiu mal à substituição, ouvindo a justa assobiadela. Vítor Pereira demorou a mexer. Djalma devia ter entrado mais cedo.

Termino tal como comecei, a jogar desta maneira pode o Porto ser campeão?