FICHA DO JOGO
O técnico portista José Peseiro tinha passado a ideia que o importante era cumprir o essencial, ou seja, conquistar os três pontos. Pedido formulado, pedido cumprido de forma quase escrupulosa, por parte da grande maioria dos atletas hoje utilizados. Jogar bem e mostrar mais alguma capacidade e evolução, isso ficou quiçá para outras eventuais oportunidades.
Obrigado mais uma vez a mexer na linha defensiva, desta vez por impossibilidade de utilizar o castigado Miguel Layún e o lesionado Martins Indi, Peseiro lançou o jovem Chidozie e José Angel, nos seus lugares. André André retomou a sua posição na linha média e na dianteira Corona, Suk e Brahimi, foram desta vez os eleitos.
A equipa começou o jogo relativamente bem e na primeira oportunidade criada abriu o activo, aos nove minutos. Jogada conduzida pela esquerda por José Angel, bola colocada no vértice esquerdo da pequena área, Suk a amortecer para a entrada de Brahimi, solto de marcação, a disparar certeiro sem hipóteses para Ventura.
Se um golo cedo pode funcionar como estimulo perfeito para uma performance, que dizer de um segundo golo, aos 18 minutos, ainda que obtido de forma pouco ortodoxa. Maxi Pereira foi à linha de cabeceira cruzar atrasado e o defesa lisboeta Tonel, precipitadamente cabeceou na direcção da sua baliza, batendo o seu próprio guarda-redes.
Contudo, os dois golos de vantagem funcionaram um pouco ao contrário do que era suposto. Os jogadores portistas pareceram satisfeitos com o resultado e passaram a actuar de forma algo displicente, sem pressa, sem ambição, sem raça, sem consistência, sem imaginação e sem inteligência. Uma grande parte dos atletas despiu os adereços de craque, envergando os de matrecos, roçando algumas vezes o anedótico, muito mais ao alcance não de amadores, mas de gente para quem uma bola, um relvado, uma botas de futebol não passam de objectos estranhos, coisas nunca vistas, sem noção do que fazer com eles.
Sim, foi mais uma exibição estranha, cinzenta, que não abona nada em favor de quem aufere vencimentos principescos.
Confesso que se não fosse por uma questão clubista, não teria pachorra para assistir a espectáculo tão degradante. Estes jogadores têm a obrigação de fazer muito melhor e nós adeptos temos o direito de o exigir.
Se na primeira parte a exibição portista ainda teve alguns momentos interessantes, a segunda foi de bradar aos céus. O Belenenses começou a acreditar, reduziu a vantagem nortenha e ameaçou por várias vezes a baliza dos Dragões, onde Casillas voltou a ser determinante.
Do mal o menos, salvou-se o resultado final, o essencial para manter a ilusão (quando é que já ouvi isto?), num jogo em que os últimos minutos foram de algum sofrimento, contra uma equipa bastante modesta.
Será possível a Peseiro pôr a equipa a voltar jogar um futebol à Porto, que nos orgulhe e que nos alimente a ambição de sermos capazes de lutar até à exaustão pelo principal objectivo?
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