FICHA DO JOGO
Se na antevisão deste jogo eu tinha imaginado apenas três alterações no onze titular, Lopetegui foi mais além e procedeu a seis. O guarda-redes Andrés Fernández e o defesa central Iván Marcano fizeram a sua estreia com a camisola do FC Porto, Rúben Neves foi a outra que não esperava, confirmando-se as inclusões de José Angel, Evandro e C. Tello.
Outro facto que também não previ foi a forte chuvada que fustigou a cidade do Porto em geral e o Estádio do Dragão em particular, que deixou o relvado impraticável tendo sido necessária a acção dos tratadores da relva, provocando o atraso no inicio da partida em três quartos de hora.
Começado o jogo, cedo se perceberam as intenções do Boavista. Defender com unhas e dentes e evitar sofrer golos, desta vez até sem recorrer à sua tradicional «sarrafada».
Os jogadores azuis e brancos, talvez ainda toldados pelas facilidades encontradas no jogo anterior, frente ao Bate Borisov, entraram descontraídos a jogar o seu futebol de posse e circulação, mesmo que em alguns locais do relvado a bola não rolasse normalmente, por força da intempérie. Por certo, com alguma paciência e fé nas artes mágicas de Brahimi, o golo aparecesse e a equipa visitante fosse obrigada a desmontar o autocarro.
Só que desta vez houve Brahimi mas sem magia capaz de desatar o nó das teias deste Boavista que lhe bastou ser "Petit" para atrofiar os movimentos ofensivos dos azuis e brancos que raramente conseguiram ser esclarecidos mas sempre ineficazes.
O FC Porto teve durante todo o jogo, mesmo depois da expulsão tão ridícula quanto injusta de Maicon, aos 25 minutos, uma percentagem de posse de bola superior a 80%, mas nunca foi capaz de a transformar num proveito contundente. Não foi por esta expulsão nem tão pouco pelo estado do relvado que os Dragões não ganharam o jogo. Não ganharam porque não foram suficientemente competentes para o fazer, até na escolha do campo, quando decidiram começar o jogo atacando para Norte, ao contrário do que é costume no Dragão, precisamente onde se encontrava a área mais danificada pela chuva, quando eram previsíveis as intenções do Boavista de não sair do seu meio campo. Nesta perspectiva creio que seria de muito bom senso atacar para o lado mais poupado do relvado onde o futebol portista poderia ser desenvolvido com menos interferências. Já cá atrás, não correria grandes riscos dada a falta de ambição dos axadrezados, como se verificou.
A verdade é que aos 15 minutos o FC Porto perdeu um lance de golo iminente quando C. Tello recuperou uma bola no meio campo, avançou para a baliza e na tentativa de assistir Brahimi que acompanhou a jogada, a bola ficou presa num charco dessa mesma área, gorando-se a possibilidade de fazer um golo fácil.
Lopetegui, inteligentemente reorganizou a equipa, depois da expulsão de Maicon, não fazendo substituições, mas depois demorou demasiado a tirar Tello e Herrera, ambos muito precipitados e pouco produtivos.
No final sobrou um empate sem golos, resultado que a equipa mereceu pela sua frágil exibição.
Fui dos que não me iludi com os 6-0 frente ao fraco Bate Borisov, e não quero saber se os pasquins amestrados e os comentadores alienados aproveitaram para menosprezar essa nossa vitória, é para o lado que durmo melhor. Penso com a minha cabeça e não sou influenciável, muito menos por atrasados mentais.
Confesso que este futebol de Lopetegui ainda não me convenceu. Não gosto do excesso da circulação da bola, entre os defesas, para trás e para os lados, sem progressão, numa manifestação clara de falta de soluções. Não gosto da forma como os médios se movimentam, nessas alturas, ficando demasiado fixos, não oferecendo linhas de passe entre linhas. Também não gosto da falta de confiança da maioria dos atletas, incapazes de assumirem o jogo ofensivo, preferindo atrasar o jogo.
Eu sei que esta equipa necessita de tempo para crescer, que ainda é cedo para tirar conclusões, mas ainda assim não me parece que este futebol possa ter grandes resultados, num campeonato em que a maioria das equipas baixa muito os seus blocos, não dando grandes espaços.
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