terça-feira, 27 de agosto de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 80

ÉPOCA 1982/83

Contratar o treinador José Maria Pedroto, era um dos objectivos, que fazia parte das promessas eleitorais de Pinto da Costa, enquanto candidato a Presidente do FC Porto. Pois bem, o Presidente portista, logo que possível concretizou essa promessa, fazendo regressar não só o técnico como também o goleador Fernando Gomes, que tinha saído para o Gijon.

A tarefa de voltar a por a máquina a funcionar não ia ser fácil, tendo em conta os obstáculos externos ao futebol jogado nas quatro linhas. A luta de Pinto da Costa e José Pedroto tornara-se, agora livres de empecilhos internos, ainda mais cerrada e contundente, no sentido de libertar o futebol português do jugo das influências que minavam a verdade desportiva, em favor dos clubes da capital.

As mentalidades e os poderes instalados não se mudam de um dia para o outro e isso acabou por se reflectir nas competições.

A equipa portista entrou bem no campeonato nacional, decidida a lutar pelo título, mas uma vez mais os homens do apito decidiram inclinar os relvados, influenciando decisivamente o destino do vencedor do mesmo. Pedroto queixou-se de Veiga Trigo e Vítor Correia, por à 14ª jornada serem responsáveis pelos 3 pontos perdidos (empate 0-0 em Vidal Pinheiro, na 7ª jornada e derrota 2-1, na Amora, na 14ª jornada) e o chefe de Departamento de Futebol, Fernando Vasconcelos, depois da derrota em Setúbal, por 3-1, na 21ª jornada, saiu a terreiro para denunciar o descaramento, a falta de vergonha e de personalidade, do árbitro desse encontro, Santos Ruivo de Santarém.

Por via disso, o FC Porto terminou na 2ª posição, com 30 jogos, 20 vitórias, 7 empates, 3 derrotas, 73 golos marcados (melhor ataque), 18 golos sofridos, acumulando 47 pontos, menos 4 que o Benfica.

Fernando Gomes, ao apontar 36 golos, venceu o prémio de melhor marcador do campeonato e foi ainda coroado com a bota de ouro, por ser simultaneamente o melhor marcador de toda a Europa.

Na Taça de Portugal o FC Porto voltou a chegar à final. A FPF tinha marcado a final da prova para o Estádio das Antas, muito antes de se conhecerem os finalistas. Ora quando estes foram conhecidos, as manobras de bastidores para que o jogo da final fosse transferido para Lisboa começaram com toda a força, tudo levando a crer que a vontade do Benfica, o outro finalista obviamente, fosse satisfeita. A FPF chegou mesmo a anunciar a mudança para o Jamor, ameaçando o FC Porto de descida de Divisão, caso não comparecesse ao jogo.

A 1 de Junho de 1983, numa Assembleia Geral explosiva, os sócios do FC Porto aprovaram por aclamação que o Clube não compareceria à final da Taça de Portugal, desde que a mesma não se realizasse nas Antas.

Em resultado desta decisão, a final da Taça ficou adiada sine die, pelo facto do Conselho de Justiça da FPF considerar legítimas as pretensões do FC Porto, ou seja, manter a primeira decisão da FPF, ainda assim com a ameaça do Benfica de recorrer para os tribunais civis.

O jogo acabaria por se efectuar só a 21 de Agosto, já depois das férias dos planteis!

Para lá chegar, o FC Porto eliminou sucessivamente o Palmelense, dos Distritais; o União de Coimbra, da III Divisão; o Famalicão, da II Divisão; o Espinho; o Braga; e o Académico de Coimbra, da II Divisão (ver quadro de jogos abaixo).

A final discutida frente ao Benfica, no Estádio das Antas, constituiu uma grande desilusão, porque depois de tanta luta, o FC Porto acabou derrotado por 0-1, com um golo feliz de Carlos Manuel, num jogo em que a exibição portista esteve longe do nível habitual. Para Pedroto fora das derrotas mais amargas da sua vida, sobretudo por considerar haver nela algo de subterrâneo. O técnico portista, sem papas na língua como era seu timbre, acusou o Benfica de ter utilizado toda a sua influência para não jogar na data inicialmente marcada (finais de Maio), por reconhecer que nessa altura a sua equipa estava muito mais desgastada e mais fraca.

Na Taça UEFA o trajecto portista voltou a ser bastante curto, não tendo ido além da 2ª eliminatória. Despachou com relativa facilidade os holandeses do Utrecht, com duas vitórias, primeiro na Holanda por 0-1, golo de Sousa e depois na 2ª mão, curiosamente no estádio da Luz, por 2-0, golos de Costa e Fernando Gomes.

Na eliminatória seguinte o adversário foi o incómodo Anderlecht, da Bélgica e a derrota fora por 4-0, sentenciou o desfecho da mesma. Nas Antas o FC Porto não foi além  de uma vitória tangencial, por 3-2, num jogo em que até esteve a perder por 0-2, só conseguindo dar a reviravolta no marcador, a partir do minuto 65, altura em que Costa reduziu para logo a seguir Walsh marcar dois golos.
































(clicar no quadro para ampliar)

José Maria Pedroto utilizou, no conjunto das três provas, num  total de 41 jogos, 27 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente da sua utilização: Eurico (41 jogos), Fernando Gomes (40), Sousa (39), Costa e Frasco (37), Walsh (33), João Pinto (32), Rodolfo (30), Jaime Pacheco (29), Quinito (21), Inácio (20), Lima Pereira (19), Amaral (18), JAcques e Romeu (17), Simôes (16), Jaime Magalhães e Zé Beto (13), Eduardo Luís (12), Fonseca e Gabriel (10), Teixeira (7), Júlio (6), Penteado e Teixeirinha (5), Freitas (2) e Vermelhinho (1).


DUAS DAS EQUIPAS POSSÍVEIS DESSA ÉPOCA























Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Sousa, Rodolfo, Walsh, Lima Pereira e Amaral; em baixo: Frasco, João Pinto, Fernando Gomes, Jaime Pacheco e Costa





















Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Rodolfo, Lima Pereira, Walsh, João Pinto e Zé Beto; em baixo: Frasco, Fernando Gomes, Jaime Pacheco, Sousa e Costa

Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar e Fascículos do Jornal A Bola

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