ÉPOCA 1982/83
Contratar o treinador José Maria Pedroto, era um dos objectivos, que fazia parte das promessas eleitorais de Pinto da Costa, enquanto candidato a Presidente do FC Porto. Pois bem, o Presidente portista, logo que possível concretizou essa promessa, fazendo regressar não só o técnico como também o goleador Fernando Gomes, que tinha saído para o Gijon.
A tarefa de voltar a por a máquina a funcionar não ia ser fácil, tendo em conta os obstáculos externos ao futebol jogado nas quatro linhas. A luta de Pinto da Costa e José Pedroto tornara-se, agora livres de empecilhos internos, ainda mais cerrada e contundente, no sentido de libertar o futebol português do jugo das influências que minavam a verdade desportiva, em favor dos clubes da capital.
As mentalidades e os poderes instalados não se mudam de um dia para o outro e isso acabou por se reflectir nas competições.
A equipa portista entrou bem no campeonato nacional, decidida a lutar pelo título, mas uma vez mais os homens do apito decidiram inclinar os relvados, influenciando decisivamente o destino do vencedor do mesmo. Pedroto queixou-se de Veiga Trigo e Vítor Correia, por à 14ª jornada serem responsáveis pelos 3 pontos perdidos (empate 0-0 em Vidal Pinheiro, na 7ª jornada e derrota 2-1, na Amora, na 14ª jornada) e o chefe de Departamento de Futebol, Fernando Vasconcelos, depois da derrota em Setúbal, por 3-1, na 21ª jornada, saiu a terreiro para denunciar o descaramento, a falta de vergonha e de personalidade, do árbitro desse encontro, Santos Ruivo de Santarém.
Por via disso, o FC Porto terminou na 2ª posição, com 30 jogos, 20 vitórias, 7 empates, 3 derrotas, 73 golos marcados (melhor ataque), 18 golos sofridos, acumulando 47 pontos, menos 4 que o Benfica.
Fernando Gomes, ao apontar 36 golos, venceu o prémio de melhor marcador do campeonato e foi ainda coroado com a bota de ouro, por ser simultaneamente o melhor marcador de toda a Europa.
Na Taça de Portugal o FC Porto voltou a chegar à final. A FPF tinha marcado a final da prova para o Estádio das Antas, muito antes de se conhecerem os finalistas. Ora quando estes foram conhecidos, as manobras de bastidores para que o jogo da final fosse transferido para Lisboa começaram com toda a força, tudo levando a crer que a vontade do Benfica, o outro finalista obviamente, fosse satisfeita. A FPF chegou mesmo a anunciar a mudança para o Jamor, ameaçando o FC Porto de descida de Divisão, caso não comparecesse ao jogo.
A 1 de Junho de 1983, numa Assembleia Geral explosiva, os sócios do FC Porto aprovaram por aclamação que o Clube não compareceria à final da Taça de Portugal, desde que a mesma não se realizasse nas Antas.
Em resultado desta decisão, a final da Taça ficou adiada sine die, pelo facto do Conselho de Justiça da FPF considerar legítimas as pretensões do FC Porto, ou seja, manter a primeira decisão da FPF, ainda assim com a ameaça do Benfica de recorrer para os tribunais civis.
O jogo acabaria por se efectuar só a 21 de Agosto, já depois das férias dos planteis!
Para lá chegar, o FC Porto eliminou sucessivamente o Palmelense, dos Distritais; o União de Coimbra, da III Divisão; o Famalicão, da II Divisão; o Espinho; o Braga; e o Académico de Coimbra, da II Divisão (ver quadro de jogos abaixo).
A final discutida frente ao Benfica, no Estádio das Antas, constituiu uma grande desilusão, porque depois de tanta luta, o FC Porto acabou derrotado por 0-1, com um golo feliz de Carlos Manuel, num jogo em que a exibição portista esteve longe do nível habitual. Para Pedroto fora das derrotas mais amargas da sua vida, sobretudo por considerar haver nela algo de subterrâneo. O técnico portista, sem papas na língua como era seu timbre, acusou o Benfica de ter utilizado toda a sua influência para não jogar na data inicialmente marcada (finais de Maio), por reconhecer que nessa altura a sua equipa estava muito mais desgastada e mais fraca.
Na Taça UEFA o trajecto portista voltou a ser bastante curto, não tendo ido além da 2ª eliminatória. Despachou com relativa facilidade os holandeses do Utrecht, com duas vitórias, primeiro na Holanda por 0-1, golo de Sousa e depois na 2ª mão, curiosamente no estádio da Luz, por 2-0, golos de Costa e Fernando Gomes.
Na eliminatória seguinte o adversário foi o incómodo Anderlecht, da Bélgica e a derrota fora por 4-0, sentenciou o desfecho da mesma. Nas Antas o FC Porto não foi além de uma vitória tangencial, por 3-2, num jogo em que até esteve a perder por 0-2, só conseguindo dar a reviravolta no marcador, a partir do minuto 65, altura em que Costa reduziu para logo a seguir Walsh marcar dois golos.
(clicar no quadro para ampliar)
DUAS DAS EQUIPAS POSSÍVEIS DESSA ÉPOCA
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Sousa, Rodolfo, Walsh, Lima Pereira e Amaral; em baixo: Frasco, João Pinto, Fernando Gomes, Jaime Pacheco e Costa
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Eurico, Rodolfo, Lima Pereira, Walsh, João Pinto e Zé Beto; em baixo: Frasco, Fernando Gomes, Jaime Pacheco, Sousa e Costa
Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar e Fascículos do Jornal A Bola
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