FICHA DO JOGO
O FC Porto desperdiçou hoje uma oportunidade de ouro para se fixar na liderança do campeonato ao ceder surpreendentemente um empate em sua própria casa.
Depois do empate da equipa do regime, em Paços de Ferreira, esse caminho ficou à disposição dos Dragões, ensejo para desfazer uma liderança que como se sabe tem sido sustentada artificialmente com a ajuda preciosa dos tipos do apito. O cenário estava montado. Dragão com lotação quase esgotada, fortaleza inexpugnável, confiança pelos desempenhos recentes da equipa, adversário acessível e muita vontade de assumir o primeiro lugar.
Sem poder contar com Maxi Pereira e André André, ambos a cumprir castigo por excesso de cartões amarelos, Nuno E. Santo fez alinhar Miguel Layún e Jesús Corona.
O jogo começou com o habitual incitamentos da massa adepta, mas os jogadores portistas cedo começaram a acusar grandes dificuldades para ultrapassarem a estratégia super defensiva do seu adversário. Falta de espaço, pouca intensidade, criatividade quase nula e velocidade reduzida foram os factores que mais marcaram a exibição pouco conseguida da equipa azul e branca.
À media que o tempo avançava os sadinos foram ficando mais confortáveis, a acertar nas marcações e a complicar a tarefa da equipa da casa, que por sua vez foi ficando mais ansiosa, mais sôfrega, menos inspirada e mais nervosa com o excessivo antijogo do seu adversário.
A primeira grande oportunidade do jogo aconteceu aos 19 minutos, por Brahimi, salva por V. Fernandes quase em cima da linha de baliza. Depois foi aos 27 minutos, na sequência de um canto, Marcano acertou no poste, a bola ressaltou para Filipe que rematou de imediato, encontrando o corpo do guarda redes setubalense, Soares fez a recarga, mais uma vez contra Varela, Danilo replicou mas a bola acabaria nas mão do guarda-redes. Aos 32 minutos foi André Silva, que com a baliza à sua mercê atirou de cabeça para fora. A bola parecia não querer entrar.
Mas o tão ambicionado golo chegaria já em tempo de desconto, por Jesús Corona. Ataque conduzido do lado esquerdo por Alex Telles, cruzamento para a área, bola rechaçada para os pés de Óliver Torres, recepção e domínio perfeitos, cabeça levantada e colocação da bola no lado contrário a solicitar a entrada de Corona, que sem preparação rematou imparável com o pé esquerdo, obtendo um belo golo. Explosão de alegria no Estádio do Dragão e quase logo a seguir o intervalo.
Com o autocarro sadino bombardeado, era espectável que o futebol portista ganhasse mais consistência, fosse mais elaborado, mais criativo e mais demolidor. O Setúbal entrou com a mesma disposição e o FC Porto começou a trocar melhor a bola. Aos 52 minutos André Silva testou os reflexos de Bruno Varela, com violento remate, mas foi o adversário que logrou empatar na única jogada intencional de todo o jogo. Descida pelo lado esquerdo, cruzamento, Felipe a escorregar e a permitir a entrada de João Carvalho que com muita classe fez a bola sobrevoar o central portista e desviar a bola à saída de Casillas. Balde de água fria e a certeza de que o jogo voltaria a ficar muito feio, muito quezilento, muito pouco jogado, pela forma antidesportiva, ridícula e covarde de quem não tem outros argumentos para esgrimir, com a cumplicidade do árbitro, impotente para sancionar devidamente tal comportamento.
Até ao final os jogadores do FC Porto tornaram-se muito precipitados, com pouco critério e incapazes de alterar o rumo dos acontecimentos, apesar de duas boas ocasiões para desfazer a igualdade, uma de André Silva com a bola a bater no ferro e a segunda por Brahimi, bem colocado mas a não acertar com a baliza.
Pareceu-me que estes jogadores não souberam conviver com a pressão de ter de ganhar para finalmente ficar na liderança, ficaram tolhidos e por isso não foram capazes de encontrar as melhores soluções para resolver este jogo, frente a um adversário perfeitamente ao alcance.
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