segunda-feira, 25 de julho de 2011

INTERNACIONAIS PORTISTAS (ANOS 90) PARTE IV

Hoje, nesta rubrica, é a vez de um «símbolo» do FC Porto. Um atleta, que enquanto jogador, transportou a raça, a cultura e a mística do Clube. Foi um grande capitão, admirado e respeitado por todos os quadrantes, desde os simples simpatizantes, sócios, colegas, equipas logísticas, médicas ou técnicas até ao Presidente.

Eu cheguei a alimentar a ilusão de que se tornasse numa referência ímpar e sem mácula, do nosso FC Porto. No entanto, tal como outras gratas figuras que passaram pelo Clube, não conseguiu, com e/ou sem  responsabilidades aparentes, manter-se fiel ao seu amor clubista. 

Não suportou o abandono, quiçá o desprezo que uns «certos» treinadores lhe dirigiram, beneficiando da aparente indiferença dos principais dirigentes e decidiu abandonar o Clube, com o amargo sentimento de ingratidão, evidenciada claramente, principalmente enquanto treinador, carreira que abraçou posteriormente, nas constantes demarcações da sua ligação sentimental ao Clube.

Jorge Costa - 81º internacional: Carlos Queiroz, seu seleccionador  nas camadas jovens, foi o responsável pela sua primeira chamada à Selecção A, em 11 de Novembro de 1992, num jogo particular realizado em Paris, em que Portugal derrotou a Bulgária por 2-1. Dez anos depois, quando resolveu dizer adeus à equipa das quinas, após o Mundial da Coreia do Sul/Japão, Jorge Costa tinha entrado no restrito grupo de jogadores que atingiram as 50 internacionalizações (43 das quais pelo FC Porto e as restantes 7 pelo Charlton Athletic). Estivera presente na fase final do Euro/2000 e do Mundial/2002, onde formou dupla excepcional com Fernando Couto, reconhecidamente considerada como uma das mais fortes do Mundo. Só uma arreliadora lesão e a demorada recuperação o impediram de ter estado igualmente na fase final do Euro/1996.

Os colegas de balneário habituaram a chamar-lhe «Bicho». Não por acaso como seria de esperar. À sua personalidade pacata e afável, fora das quatro linhas, Jorge Costa respondia com  a virilidade,  a força e a agressividade de um central único no seu género.

Chegou às Antas muito novo, fez parte dos escalões de formação do FC Porto. Antes de ascender  à equipa principal do Clube, foi-se impondo nas Selecções nacionais jovens, sendo uma das figuras marcantes da equipa de Portugal que se tornou Campeã do Mundo de juniores, em Lisboa, em 1991. Nessa altura e mesmo perante as suas mais que evidentes qualidades, a defesa do FC Porto contava com jogadores de grande craveira que impediu o seu acesso imediato à titularidade. Esteve emprestado ao Penafiel e ao Marítimo e só na época de 1995/96 se tornou um indiscutível do Clube.

Boa estampa física, seguro a defender, audaz nas idas ao ataque, uma referência e um garante dos altos índices de confiança, na movimentação global da equipa, rapidamente se transformou num líder, evidente e natural «capitão» do seu clube do coração, o FC Porto.

Depois de uma fase em que ganhou o estatuto de grande «alma» do FC Porto, os problemas com o clube começaram a surgir. Em 2001, com Octávio Machado a treinador, viu-se preterido nas escolhas do técnico e emigrou para Inglaterra, para o Charlton Athlétic, por um curto período, suficiente no entanto para conquistar o respeito e a admiração dos britânicos, que carinhosamente o apelidaram de «tanque», pela sua possante e corajosa postura em campo. Voltaria em grande, com José Mourinho, retomando a braçadeira de «capitão», conquistando a Taça Uefa e a Liga dos Campeões. Foi um período de brilho intenso que prometia um final de carreira digno da sua paixão pelo Clube e pela tremenda dedicação que sempre lhe devotou. Mas, mais uma vez, o futebol seria ingrato. Com a chegado do holandês Co Adriaanse, Jorge Costa deixaria de fazer parte das convocatórias e nunca foi utilizado. Sentindo que ainda tinha forças para jogar mais uma ou duas épocas, emigrou novamente, desta vez para a Bélgica, para o Standart de Liége, onde encerrou a carreira de jogador.

Conta no seu impressionante palmarés com 8 Campeonatos nacionais (1992/93, 1994/95, 1995/96, 1996/97, 1997/98, 1998/99, 2002/03 e 2003/2004), 5 Taças de Portugal (1993/94, 1997/98, 1999/2000, 2000/01 e 2002/03), 7 Supertaças Cândido de Oliveira (1990, 1991, 1993, 1996, 1998, 1999 e 2001), 1 Taça Uefa (2002/03), 1 Liga dos Campeões (2003/04) e 1 Taça Intercontinental (2005).
                                    
(Continua)


Fontes: European Football.info; Portal da FPF; FC Porto - Figuras & Factos 1893-2005, de J.Tamagnini Barbosa e Manuel Dias e International Matches 2000-2002

1 comentário:

  1. caríssimo,

    efectivamente Octávio "malvado" e Co Adriaanse foram os responsáveis pelo "mal-estar" sentimental do Bicho. mas ele continua a sentir gratidão pelo clube que o lançou na alta-roda, disso não tenho dúvidas.

    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)

    Miguel | Tomo II

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