ÉPOCA 2010/11 - II PARTE
(Continuação)
O 3º lugar no campeonato nacional da época anterior determinaria que o FC Porto tivesse de disputar uma pré-eliminatória de acesso à fase de Grupos da Liga Europa, prova em que os Dragões já não participavam há sete temporadas consecutivas por estarem sempre presentes na prova rainha do futebol europeu. Aliás, na anterior participação portista, ainda se chamava Taça Uefa, o FC Porto foi o digno vencedor da prova, quando em Sevilha bateu o Celtic.
O sorteio colocou no caminho portista a equipa belga do KRC Genk. Adversário perfeitamente acessível que não colocou grandes dificuldades na obtenção do objectivo da qualificação.
Na primeira mão o FC Porto foi à Bélgica impor a sua superioridade e com toda a naturalidade vencer por 3-0.
Na segunda mão os Dragões confirmaram a passagem à fase de grupos com nova vitória (4-2), numa exibição demasiado intermitente, quiçá em função das alterações promovidas por André Villas-boas (Beto, Souza e Rúben Micael), no onze titular, numa clara gestão do plantel. Hulk foi a figura do jogo ao concretizar um «hat-trick».
Equipa titular que derrotou o Genk, no Dragão. Da esquerda para a direita, em cima: Beto, Fernando, Sapunaru, Maicon, Rolando e Hulk; em baixo: João Moutinho, Rúben Micael, Falcao, Souza e Álvaro Pereira.
O resultado do sorteio realizado no Mónaco, colocou o FC Porto no Grupo L, na companhia dos turcos do Besiktas, dos búlgaros do CSKA de Sófia e dos austríacos do Rapid de Viena.
A longa maratona arrancou no dia 16 de Setembro de 2010, no Estádio do Dragão, frente ao Rapid de Viena.
Mais uma vez frente a um adversário de inferior qualidade, os azuis e brancos souberam marcar os ritmos do jogo, controlar o adversário e marcar os três golos que coloriram o resultado final, da autoria de Rolando, Rúben Micael e Falcao.
Onze titular frente ao Rapid de Viena. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Maicon, Rolando, Fernando, Álvaro Pereira e Hulk; em baixo: João Moutinho, Rúben Micael, Falcao, Cristian Rodríguez e Fucile.
A 2ª jornada levou o FC Porto ao estádio nacional Vasil Levski, em Sófia, para defrontar o CSKA. Foi um jogo tranquilo em que os Dragões patentearam todo o seu potencial, dominando, controlando e marcando apenas um golo, por Falcao, mas desperdiçando uma mão cheia de oportunidades.
O jogo seguinte disputou-se em Istambul, frente à aguerrida equipa do Besiktas, num ambiente escaldante e frenético, apitado por um espanhol sem coragem, que anulou um golo limpo e sonegou um penalti claro, com Falcao a protagonizar os dois lances. Permitiu demasiada agressividade aos turcos e ainda expulsou Maicon (43') e Fernando (89'). Mesmo assim, a vitória portista foi clara (1-3), com dois dos golos conseguidos em desvantagem numérica.
O mesmo Besiktas foi o adversário da 4º jornada, no Dragão. Foi um jogo complicado para os azuis e brancos que não puderam contar com Maicon e Fernando, castigados. Os Dragões tomaram conta do domínio do jogo, adiantaram-se no marcador e falharam algumas boas oportunidades de golo. Cristian Rodríguez foi expulso aos 59' e os turcos aproveitaram os momentos de desconcentração que se seguiram para chegar à igualdade. O empate acabou porém por servir os interesses portistas que garantiram desde logo a passagem aos dezasseis-avos-de-final.
Equipa titular que empatou frente ao Besiktas. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Rolando, Guarín, Otamendi, Álvaro Pereira e Hulk; em baixo: Rúben Micael, Falcao, Fucile, Belluschi e Cristian Rodríguez.
A 5ª jornada foi disputada num palco histórico para os portistas, onde em 27 de Maio de 1987, venceram a Taça dos Clubes Campeões Europeus. O Estádio Prater de Viena, rebatizado com o nome de Ernst Happel. Tal deslocação mereceu da Sad portista o convite a todos os elementos que integraram a equipa que nesse ano ajudaram a escrever com letras de ouro, uma bela página da história azul e branca.
Debaixo de um clima gélido, fustigados por um nevão que caiu durante todo o jogo, o jogadores tiveram de se bater com generosidade e coragem para garantirem a vitória que lhes proporcionasse liderar o grupo e poderem assim ser cabeça-de-série no sorteio para fase seguinte. Objectivo conseguido com um resultado claro (1-3), golos de Falcao que o guindaram para o comando dos melhores marcadores da prova.
O FC Porto encerraria a sua participação na fase de grupos com a 5ª vitória em 6 possíveis. O adversário foi o CSKA de Sófia que foi impotente para parar o futebol portista, que nos melhores períodos, construiu um resultado confortável (3-1).
Equipa titular que no último jogo do grupo somou a 5º vitória. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Walter, Maicon, Souza, Otamendi e James Rodríguez; em baixo: Belluschi, Rúben Micael, Fucile, Falcao e Álvaro Pereira.
O sorteio dos dezasseis-avos-de-final ditou o regresso do FC Porto à inolvidável Sevilha, cidade onde os Dragões conquistaram a Taça Uefa. Aí voltaram a ser felizes, desta vez contra a equipa da casa, vencendo por 1-2, num jogo muito equilibrado e dividido. Foi uma vitória feliz mas justa.
O jogo da 2ª mão foi encarado com toda a responsabilidade que o momento exigia, porém a postura da equipa não foi suficiente para evitar uma derrota tangencial e injusta face ao número de oportunidades criadas pelo ataque portista que justificaria outro resultado. A equipa ficou a dever à ineficácia do remate o facto de ter avançado para os oitavos-de-final da prova, não de forma imaculada.
Equipa titular que averbou a 1ª derrota na prova, qualificando-se para os oitavos-de-final. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Rolando, Fernando, Silvestre Varela, Otamendi e Hulk; em baixo: João Moutinho, Belluschi, Falcao, Fucile e Álvaro Pereira.
Foi em Moscovo que se discutiu a 1ª mão dos oitavos-de-final, frente ao CSKA de Moscovo. Jogado num relvado sintético, sem gelo e sem neve, mas de difícil adaptação, os Dragões demoraram algum tempo para se habituarem e por isso fizeram uma primeira parte algo fraca. Depois as coisas foram melhorando e a vitória foi alcançada aos 70 minutos num belo golo de Guarín.
No jogo da 2ª mão, um golo de Hulk logo no primeiro minuto, sentenciou praticamente a tendência da eliminatória, perante um opositor muito competente e ambicioso, que colocou muitos problemas à defensiva azul e branca, obrigando-a a um trabalho intenso. Mas foi o FC Porto a dilatar a vantagem e a colocar a equipa ainda mais perto das meias-finais.
Os moscovitas nunca desanimaram e conseguiram reduzir ainda antes da meia hora de jogo, voltando a exigir a atenção da defensiva portista que foi resolvendo todas as situações. Só depois dos 52 minutos, quando André Villas-Boas, reforçou o meio-campo, passando a actuar em 4x4x2, é que o FC Porto estabilizou, dominou, controlou e desperdiçou mais algumas boas oportunidades.
Equipa titular que confirmou a passagem às meias-finais. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Rolando, Fernando, Guarín, Otamendi e Hulk; em baixo: João Moutinho, Sapunaru, Falcao, Fucile e James Rodríguez.
Os capricho do sorteio ditou novo adversário russo, o Spartak, também de Moscovo. A primeira mão foi jogada no Dragão, onde o FC Porto arrancou uma goleada por 5-1, com 3 golos de Falcao, lançando a equipa decididamente para as meias-finais.
Segurança, robustez e velocidade foram os condimentos utilizados numa segunda parte demolidora que confirmou o colombiano Falcao cada vez mais líder dos melhores marcadores da prova, nesta altura com 10 golos marcados.
Equipa titular que goleou o Spartak Moscovo, no Dragão. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Fernando, Guarín, Rolando, Maicon e Hulk; em baixo: João Moutinho, Falcao, Álvaro Pereira, Fucile e Silvestre Varela.
A 2º mão teve de novo como palco o sintético do Estádio Luzhniki, onde o FC Porto já havia defrontado o CSKA. Apesar do resultado confortável conseguido no Dragão, André Villas-Boas não quis facilitar e fez alinhar o seu onze mais forte. O resultado foi nova goleada, por 2-5, numa exibição em que a equipa portista dominou, controlou e marcou, numa cadência que mais lhe convinha.
Os espanhóis do Villareal foram os adversários das meias-finais. Primeiro jogo no Dragão e nova «chapa 5». Mas não foi fácil, longe disso. Os espanhóis deram muito que fazer, especialmente durante a primeira parte onde conseguiram 5 contra-ataques venenosos, um dos quais resultou em golo, a abrir o marcador.
No segundo tempo o FC Porto rectificou posições e atitude, logrando igualar o marcador à passagem do 4º minuto. Depois foi uma autêntica cavalgada no assalto à baliza contrária. Falcao marcou 4 golos, num «poker» que lhe fez consolidar a liderança na lista dos melhores marcadores da prova.
Equipa titular que goleou o Villareal no Dragão. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Guarín, Rolando, Fernando, Otamendi e Hulk; em baixo: João Moutinho, Sapunaru, Falcao, Álvaro Pereira e Cristian Rodríguez.
A vantagem confortável fazia adivinhar a confirmação da passagem à final da equipa portista, mas a habitual «fúria espanhola» não devia ser negligenciada. Havia que actuar com inteligência, determinação e ambição. Foi isso que o FC Porto fez, ainda que nem sempre bem, mas com a segurança da tranquila almofada. Esteve a perder, recuperou, empatou, ficou por cima do marcador, deixou-se empatar de novo e quase no final não conseguiu evitar a derrota por 3-2. O principal estava garantido, a presença na final.
O palco da final da Liga Europa estava já decidido para o Dublin Arena, na cidade de Dublin, capital da República da Irlanda. O opositor foi o surpreendente SC de Braga, que eliminou o Benfica, na outra meia-final, dando ensejo à primeira final europeia, entre duas equipas portuguesas.
O jogo não teve grandes momentos de bom futebol, bem pelo contrário. As equipas encaixaram-se uma na outra, num jogo muito táctico, muito cauteloso, lento, algo previsível, resumindo-se a três ou quatros momentos de verdadeiro interesse.
O colombiano Falcao desbloqueou o jogo num golpe de cabeça e fez o resultado final, justo e indiscutível, porque o FC Porto foi o que mais oportunidades criou, o que mais dominou e o que mais fez por merecer a vitória. O avançado portista cimentou o recorde de golos marcados numa só época, nesta prova (17).
Equipa titular que em Dublin venceu a fina da Liga Europa. Da esquerda para a direita, em cima: Helton, Rolando, Sapunaru, Guarín, Otamendi e Hulk; em baixo: João Moutinho, Falcao, Álvaro Pereira, Fernando e Silvestre Varela.
(clicar no quadro para ampliar)
Nas cinco competições em que o FC Porto esteve envolvido, num total de 58 jogos, a equipa técnica liderada por André Villas-Boas, utilizou 28 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente dessa utilização: Hulk e João Moutinho (53 jogos), Rolando (51), Belluschi (46), Helton, Guarín e S. Varela (44), Falcao (42), Fernando e Sapunaru (41), Álvaro Pereira (39), Maicon (37), Rúben Micael (36), Otamendi e James Rodríguez (32), Fucile (29), Cristian Rodríguez (28), Walter (25), Souza (24), Mariano Gonzalez (14), Sereno (13), Beto (12), Emídio Rafael (11), Ukra (8), André Castro (6), Kieszek (4), Miguel Lopes e Raúl Meireles (1).
Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar; Arquivo do Blogue Dragaopentacampeao - I Série.
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