domingo, 15 de março de 2015

APAGÃO, EXPULSÃO E CORAÇÃO
















FICHA DO JOGO


























No título desta crónica estão os três factores principais que a meu ver, condicionaram a exibição portista, esta noite, e consequentemente o magro resultado alcançado.

Depois de alguns contratempos do foro físico de alguns jogadores (Jackson Martinez, Danilo e Maicon) impeditivos da sua utilização, Julen Lopetegui viu-se obrigado a introduzir algumas alterações no onze inicial aumentando para 4  essas mexidas. Na defensiva Ricardo foi a alternativa já esperada a Danilo e no eixo Marcano foi desviado para a direita, enquanto Martins Indi assumiu a sua posição habitual como central mais à esquerda. No meio campo Óliver Torres ocupou a posição que vinha sendo desempenada com competência por Evandro e lá na frente, Quaresma apareceu no lugar de Tello, que como se sabe, esteve ausente da maior parte dos treinos desta semana, autorizado para tratar de assuntos pessoais.


























Cedo se percebeu que a noite não iria ser de gala, como na passada Terça-feira, pela forma desorganizada, trapalhona e muito pouco consistente com que os jogadores portistas se movimentaram em campo, mostrando grandes dificuldades para segurar a bola e a conduzir com qualidade e coerência. Pareceu-me demasiada displicência e excesso de confiança nas fragilidades do adversário.

Para piorar a situação, em mais uma perda de bola infantil,  Fabiano, na tentativa de emendar um erro que não foi seu, saiu-se mal e borrou a pintura, derrubando bem fora da área, o seu adversário, vendo por isso o cartão vermelho, numa decisão talvez demasiado rigorosa dado que Ricardo estava igualmente a disputar o lance.























Desta acção disciplinar, Ricardo foi sacrificado para a entrada de emergência de Helton. Daí resultou que o FC Porto, até ao final da primeira parte, ficasse a jogar apenas com 3 defesas e com Casemiro mais atento na cobertura da lateral direita. 

Curiosamente, os azuis e brancos, depois de alguns minutos de adaptação à inferioridade numérica, conseguiram criar os melhores lances de ataque e chegar ao golo. Bola conduzida por Herrera até ao vértice da grande área, sobre o lado direito, colocação em Quaresma, um pouco mais à frente livre de marcação, recepção de costas para a baliza, rotação, dois passos em progressão, cabeça levantada, cruzamento perfeito para a cabeça de Aboubakar, que na passada não perdoou. Rápido, simples e eficaz.
























Apesar de uma exibição demasiado cinzenta e em inferioridade numérica, os Dragões conseguiram chegar à vantagem no marcador e até perder mais uma ou outra oportunidade. Foi assim aos 22 minutos por Óliver Torres, que na cara de Goicoechea, não foi capaz de o desfeitear e poderia ter sido ao minuto 26, se o árbitro da partida tivesse assinalado uma grande penalidade a castigar a acção faltosa de Diego Gallo, sobre Quaresma.

Aliás o Mustang foi sempre o principal quebra cabeças da defesa do Arouca, com o seu opositor directo Balliu a ter que o travar várias vezes, à margem das leis, com alguma benevolência do árbitro da partida que acabou por admoestá-lo apenas aos 69 minutos. 

A vantagem portista ao intervalo era, apesar de tudo, justa e quiçá curta, perante um adversário voluntarioso e algo atrevido, mesmo antes de se encontrar em superioridade numérica.

Para a segunda parte Julen Lopetegui optou por um sistema que lhe pareceu mais conveniente e seguro, na tentativa de gerir o golo de vantagem. Recuou Herrera para a lateral direita, enfraquecendo o meio campo, já que conservou Brahimi na ala, em vez de o fazer recuar também.

Pedro Emanuel passou a explorar de forma exemplar essa cedência e o Arouca cresceu no campo, importunando de forma séria o último reduto portista. Assistiu-se então a um período de enorme trabalho defensivo a culminar com uma espectacular defesa de Helton, a garantir o nulo na sua baliza. 

O ataque azul e branco passou a ser cada vez menos produtivo e só de quando em vez a bola aparecia com algum perigo na área do Arouca, principalmente por Quaresma que esteve perto de um grande golo que Goicoechea lhe recusou com uma grande defesa para canto.

O técnico portista assistia com preocupação ao desgaste físico e psicológico da sua equipa e aos 56 minutos trocou Óliver por Rúben Neves, num sinal claro de pragmatismo. Era necessária mais segurança defensiva e segurar a todo o custo a magra vantagem. Helton e Marcano estiveram imperiais, opondo-se com eficácia às crescentes tentativas arouquenses. Depois foi Quaresma, o melhor jogador em campo, a dar o seu lugar e Tello, numa altura em que os jogadores do FC Porto estavam mais interessados que o tempo de jogo se esgotasse.

Vitória muito difícil, num jogo que se esperava bem mais simples mas que começou a ficar complicado, primeiro pelo apagão na atitude e depois pela expulsão muito cedo. Sobrou a recuperação da força suficiente para chegar à vantagem no marcador e um grande coração para a defender.

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