terça-feira, 12 de novembro de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 90

ÉPOCA 1993/94

A intenção de Pinto da Costa era manter o treinador bicampeão nacional Carlos Alberto Silva, mas problemas familiares evocados pelo treinador brasileiro para não continuar, levaram o presidente a contratar o seu conhecido Tomislav Ivic.

Com o propósito de economizar e manter um grupo competitivo, a aposta foi na «prata da casa», que reunia um punhado de jovens atletas da formação, todos eles talentosos e ambiciosos.

















Da esquerda para a direita, em cima: Funcionário não identificado, Vítor Nóvoa, Tozé, Aloísio, Vítor Baía, Jorge Costa, Semedo, Jorge Couto, Kostadinov, Cândido, Fernando Couto e Paulo Pereira; Ao meio: Agostinho (roupeiro), Toni, Domingos, Inácio (adjunto), Luciano D'Onófrio (director), Pinto da Costa (Presidente), Tomislav Ivic (treinador), Vítor Frade (preparador físico), Murça (adjunto) Timofte, Rodoldo Moura (massagista), Dr. Domingos Gomes (médico) e Jorge Gomes (relações públicas); Em baixo: José Luis (massagista), Vinha, Bandeirinha, Rui Filipe, Rui Jorge, Zé Carlos, João Pinto, Folha, Jaime Magalhães, André, Neves, Paulinho Santos, Secretário e Fernando Brandão (roupeiro).


O objectivo principal era naturalmente a conquista do tão desejado "TRI" e somar a este todos os outros possíveis.

O Campeonato arrancou logo com um jogo grande, no Estádio das Antas. FC Porto e Benfica proporcionaram um espectáculo emotivo e um resultado raro no campeonato português (3-3), com os Dragões a adiantarem-se no marcador (Vinha aos 8'), deixando-se  empatar primeiro (Isaías 23') e depois ficar em desvantagem (Rui Águas 25'). Paulo Pereira repôs a igualdade (61'), Isaías voltou a dar vantagem ao Benfica (63') e finalmente, de novo Paulo Pereira, de grande penalidade, selou o resultado final (70').

























Equipa titular da 1ª Jornada. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Fernando Couto, Vinha, Aloísio e João Pinto; Em baixo: Semedo, André, Folha, Jaime Magalhães e Kostadinov.

Mas as modestas exibições cedo mostraram as dificuldades que a equipa haveria de atravessar. Com um sistema de jogo muito defensivo e virado para o contra ataque, como Ivic sempre defendeu, o FC Porto foi perdendo pontos, com adversários dos mais acessíveis e foi hipotecando as possibilidades de voltar a ser campeão. O técnico croata acabou mesmo por por o seu lugar à disposição, nos finais de Janeiro de 1994 e Pinto da Costa, aproveitando o despedimento de Bobby Robson do Sporting, não se fez rogado, contratando-o de imediato.

O técnico inglês impôs um futebol muito mais vistoso e produtivo, do ponto de vista atacante e ganhou a simpatia dos adeptos portistas, colocando a equipa na discussão do título até ao fim.

Pegou na equipa no dia 25 de Janeiro de 1994 e orientou do banco o jogo para a Taça de Portugal, em Vidal Pinheiro, frente ao Salgueiros. Seguiu-se depois a deslocação ao estádio da Luz, onde os Dragões foram derrotados por 2-0 e ficaram a uma distância de seis pontos da liderança, apesar das boas indicações dadas nesse jogo.

A vitória no Campeonato chegou a estar mais perto, mas um inesperado empate em Guimarães, na 30ª jornada, deitou tudo a perder.

O FC Porto acabaria na 2ª posição, com um registo de 34 jogos, 21 vitórias, 10 empates, 3 derrotas, 56 golos marcados, 15 sofridos, somando 52 pontos, menos 2 que o Benfica.

A Taça de Portugal constituiu uma caminhada vitoriosa. Começou algo periclitante, apesar do primeiro adversário ser do escalão inferior,  chamar-se Académico de Viseu e o jogo se ter disputado nas Antas. O jogo tornou-se complicado pois teve de ir a prolongamento, face ao empate (2-2), no tempo regulamentar. Depois tudo foi mais fácil. O Académico não resistiu à maior capacidade física e técnica dos azuis e brancos e sofreram mais 3 golos.

Seguiram-se Guimarães (vitória 1-2) e Salgueiros (vitória 0-2), ambos jogados fora de casa.

Nos quartos-de-final, O FC Porto recebeu e bateu o Desp. das Aves, por 6-0.




















Equipa titular que derrotou o Desp. das Aves, nos quartos-de-final da Taça de Portugal. Da esquerda para a direita, em cima: Jorge Couto, Cândido, Jorge Costa, Paulo Pereira, Aloísio e Domingos; Em baixo: Drulovic, Paulinho Santos, Secretário, Kostadinov e Timofte.

O estádio José Gomes foi o palco do jogo das meias-finais, frente ao Estrela da Amadora. Vitória portista por 1-2, com direito a jogar a final no Jamor, contra o Sporting.

Para decidir o vencedor do troféu foram necessários dois jogos. Disputado sob uma temperatura elevadíssima, nenhuma das equipas quis arriscar muito. Ficou evidente um grande respeito mútuo. O zero a zero não foi desfeito nem mesmo no prolongamento pelo que foi necessário disputar uma finalíssima.

No tira-teimas, o FC Porto mostrou ser melhor equipa. Apresentou melhores argumentos, mais potencialidades e melhor capacidade de reacção. Ainda assim voltou a ser necessário o prolongamento, face ao empate (1-1), durante o tempo regulamentar.

No primeiro minuto do prolongamento, um remate de cabeça de Vinha, foi defendida com as mâos por Peixe, dando origem a uma grande penalidade que Aloísio converteu, garantindo a conquista do troféu.




















Equipa titular na finalíssima. Da esquerda para a direita: Timofte, Drulovic, Secretário, Vítor Baía, Paulinho Santos, André, Folha, Aloísio, Rui Jorge, Fernando Couto e João Pinto.


A Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Benfica, jogada em duas mãos, foi o troféu que abriu a temporada competitiva. Na primeira mão o FC Porto deslocou-se à Luz e quando já pouca gente acreditava que o resultado funcionasse, o Benfica conseguiu marcar o golo, ao cair do pano (84'). Jogo incaracterístico que não permitiu tirar grandes conclusões acerca do comportamento futuro das duas equipas, mas com resultado a deixar tudo em aberto para a 2ª mão.

Por coincidência, ou não, também nas Antas, o resultado final (1-0 para o FC Porto) foi marcado a poucos minutos do final da partida (84').

Ficaram assim as equipas obrigadas a um terceiro jogo, para desempate, mas que por impossibilidade de encontrar data propícia ficou adiado para a época seguinte.

Em termos internacionais, o FC Porto, ostentando as insígnias de campeão português, disputou a Liga dos Campeões da UEFA.

O sorteio colocou no caminho dos Dragões os malteses do Floriana. De nível nitidamente inferior, deslocaram-se, na 1º mão, às Antas com a única preocupação de defender. O autêntico ferrolho (hoje conhecido por autocarro), não impediu a vitória portista por 2-0, resultado que acabaria por decidir a eliminatória, já que na 2ª mão, em Malta, o ferrolho funcionou melhor e o resultado ficou em branco (0-0).






















Equipa titular que jogou em Malta. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Secretário, Zé Carlos, Aloísio, Kostadinov e João Pinto; Em baixo: Rui Jorge, Folha, Rui Filipe, Paulinho Santos e Semedo.

O sorteio para a segunda eliminatória colocou na rota portista os holandeses do Feyenoord. Na  1ª mão, jogada nas Antas, os holandeses utilizaram um sistema habitualmente utilizado por equipa de menor capacidade. Irritantes e duríssimos,  os jogadores do Feyenoord tiveram um único objectivo, queimar tempo e evitar, a qualquer custo, sofrer golos. Tivera também a preciosa ajuda da equipa de arbitragem, bastante condescendente, mas nem assim evitaram a derrota por 1-0, com golo de Domingos aos 90 minutos.

Na 2ª mão, em Roterdão, os holandeses receberam os Dragões num clima hostil e arrogante, mas os comandados de Ivic responderam com muita união e humildade. A equipa evidenciou uma notável capacidade de sofrimento, aguentou todas as provocações, mantiveram-se firmes e as suas redes invioláveis. Empate a zero que qualificou a turma portuguesa para a fase de grupos.

Werder Bremen (Alemanha), AC Milan (Itália) e Anderlecht (Bélgica), foram os parceiros no Grupo B.

O primeiro jogo trouxe às Antas os alemães do Werder Bremen. Era importante vencer os jogos em casa para melhor posicionar a equipa para a obtenção de um lugar nas meias-finais. Os alemães, apesar de terem estado a perder por 3-0, nunca deixaram de ser uma equipa incómoda e fizeram tremer os Dragões. O resultado final cifrou-se num tangencial 3-2, que reflecte a verdade do jogo.

Seguiu-se a visita ao mítico Giuseppe Meazza, para defrontar o forte e favorito AC Milan. Foi um jogo em que tudo correu mal aos portistas, que acumularam erros defensivos primários, que a este nível se pagam muito caros. Os italianos, sem terem que se superar, aproveitaram na perfeição esses erros e construíram um resultado volumoso e confortável (3-0).

Na 3ª jornada, nova deslocação, desta vez à Bélgica. Quando já tudo indicava que o FC Porto conseguiria manter o nulo no marcador, eis que, aos 87 minutos surgia o golo do Anderlecht, frio, seco, inesperado e injusto. Derrota por 1-0, apesar do bom rendimento da equipa.

Na jornada seguinte o FC Porto pode vingar aquela derrota traiçoeira, recebendo e batendo o mesmo Anderlecht, por 2-0. Drulovic e Secretário foram os justiceiros.



























Equipa titular que derrotou nas Antas o Anderlecht. Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Semedo, Timofte, Jorge Costa, Aloísio e João Pinto; Em baixo: Drulovic, Secretário, Domingos, André e Rui Jorge.


A 5º Jornada constituiu um marco histórico para o FC Porto na Europa, na sua deslocação à Alemanha para defrontar o Werder Bremen, que nas Antas tinha dificultado, e muito, a vitória portista. Esperava-se por isso um jogo muito complicado e equilibrado. O FC Porto esteve porém numa noite inesquecível. Com os seus jogadores libertos de complexos, iluminados pelo talento e agora orientados por um grande senhor do futebol mundial, «Sir» Bobby Robson, os Dragões brilharam e construíram um resultado dilatado e surpreendente (0-5). Terá sido a primeira vez na história que uma equipa portuguesa marcou cinco golos sem resposta a uma equipa alemã e ainda por cima no reduto do adversário. A proeza foi ainda mais extraordinária por se tratar «apenas» do campeão nacional da Alemanha.






























O Capitão João Pinto troca cumprimentos e galhardetes com o capitão alemão.

A 6ª e última jornada trouxe ao Dragão o AC Milan, jogo que iria decidir o vencedor do grupo. Foi um espectáculo fabuloso onde apenas faltou um pequeno lampejo de sorte para que a igualdade a zero fosse desfeita, a favor do FC Porto. A exibição portista merecia melhor sorte, mas o empate acabou por qualificar a equipa para as meias-finais da prova.

Foi o Barcelona que cruzou o caminho da equipa portista, com os azuis e brancos a terem de discutir a eliminatória, em apenas uma mão, no Camp Nou, onde os locais se apresentaram como favoritos e comprovaram-no em campo. 3-0 foi o resultado, sem contestação, face à superioridade territorial demonstrada pelo categorizado adversário, terminando assim com o sonho portista.







































(Clicar no quadro para ampliar)

Nos 54 jogos oficiais, relativos às 4 provas em que o FC Porto esteve envolvido, foram utilizados 29 atletas, aqui referenciados pela ordem decrescente dessa utilização: Vítor Baía (51 jogos), Aloísio, (50), João Pinto (49), Srcretário (46), Fernando Couto, Semedo e Rui Jorge (40), Kostadinov (37), Paulinho Santos (33), Domingos e Timofte (32), Drulovic (31), André (30), Folha (29), Rui Filipe (28), Jorge Costa e Jorge Couto (22), Vinha (19), Zé Carlos (18), Jaime Magalhães (16), Paulo Pereira (15), Bandeirinha (8), Toni (4), Cândido (3), Mihtarsky (2), Carlos Filipe, Tozé, Madureira e Edgar (1).

Fontes: Revista Dragões e Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar

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