segunda-feira, 30 de maio de 2011

INTERNACIONAIS PORTISTAS (ANOS 80) - I PARTE

Hoje vamos começar a análise da década de oitenta, período dos mais produtivos em jogos da Selecção principal de Portugal, que realizou 75 jogos.

Coincidiu simultâneamente com a «explosão» do FC Porto, como grande Clube europeu e mundial. Depois da final da Taça das Taças, em 1984, perdida ingloriamente, frente à Juventus, onde a qualidade dos jogadores portistas saiu reforçada, as épocas de 1986/87 e seguinte, confirmaram todo o potencial dos nossos jogadores, consagrando o FC Porto e os seus jogadores, com as vitórias da Taça dos Clubes Campeões Europeus, a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia.

Naturalmente que a Selecção Nacional, viria a sofrer essa influência, promovendo mais 18 atletas azuis e brancos, com a internacionalização, factor determinante para as boas prestações portuguesas, no Euro/84 e Mundial/86.

Abordemos então os primeiros quatro desses 18 atletas portistas:

Lima Pereira - 59º internacional: Com 20 internacionalizações, fez a sua estreia na Selecção Nacional em 15 de Abril de 1981, no Portugal-Bulgária, com empate a uma bola, em jogo particular efectuado na cidade do Porto. Este defesa-central, azul e branco, esteve presente em quatro jogos da fase final do Campeonato da Europa de 1984, disputado em França, onde Portugal chegou à meia-final.

Nascido na Póvoa de Varzim, iniciou a sua carreira desportiva no Varzim S.C., de onde transitou para o FC Porto, na época de 1978/79.

«Trabalhado» por Pedroto, ganhou a titularidade no FC Porto e na equipa nacional. Chegou a ser considerado um dos melhores defesas-centrais europeus.

Permaneceu no seio da equipa portista até à temporada de 1988/89, onde coleccionou um palmarés invejável: 1 Taça Intercontinental, 1 Taça dos Campeões Europeus (jogou apenas 270'), 1 Supertaça Europeia, 3 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal e 4 Supertaças Cândido de Oliveira.

António Sousa - 60º internacional: Vestiu as cores nacionais por 27 vezes (17 pelo FC Porto, 9 pelo Sporting e 1 pelo Beira-Mar). Estreou-se em 15 de Abril de 1981, tal como Lima Pereira, no Portugal-Bulgária. Cumpriu, sempre como titular, a totalidade dos encontros efectuados por Portugal, nas fases finais do Euro/84 e do Mundial/86. Foi o autor de um grande golo frente à Espanha, no Europeu de 1984, através de um «chapéu» sublime ao guarda-redes Arconada.

Sousa Iniciou a sua carreira na Sanjoanense, equipa da sua terra natal (S. João da Madeira), mas representava o Beira-Mar, clube onde despertou a natural cobiça de vários clubes, quando o FC Porto ganhou a corrida da sua contratação, na época de 1979/80.

Médio atacante de grande regularidade, era dono de excelente técnica e de pontapé forte, espontâneo e colocado. Era também exímio na marcação de livres de média distância, o que fez dele um dos grandes especialistas de lances de bola parada, do futebol português. Tacticamente disciplinado, assimilava e executava com maestria todos os princípios posicionais e estratégicos que lhe eram confiados.

Atraído por algumas promessas, «fugiu» para o Sporting (juntamente com Jaime Pacheco) alegando não ter condições psicológicas para continuar ligado ao nosso Clube! Rapidamente se arrependeu, regressando duas épocas depois, para ser Campeão Europeu e Mundial. Curiosamente, o FC Porto venceu os dois campeonatos em que Sousa envergou a camisola leonina.

O seu percurso no FC Porto chegaria ao fim na época de 1988/89, tendo sido um dos dispensados no processo de renovação levada a cabo por Artur Jorge, facto que nunca digeriu bem, regressando ao Beira-Mar, onde esteve mais quatro épocas.

No FC Porto conquistou 1 Taça Intercontinental, 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus, 1 Supertaça europeia e 1 Campeonato Nacional.

Jaime Magalhães - 61º internacional: 20 vezes internacional, estreou-se na equipa das quinas em 18 de Novembro de 1981, com vitória portuguesa por 2-1, frente à Escócia, em Lisboa, em jogo de fase de apuramento para o Campeonato do Mundo.

Produto das camadas jovens do FC Porto, estreou-se na equipa principal, em 21 de Setembro de 1980, mantendo-se no plantel portista durante quinze épocas consecutivas (de 1980/81 a 1994/95).

Médio-extremo muito rápido, repentista, envolvente e senhor de oportunas assistências para golo, assinou também alguns bons e certeiros remates, no período dos dez anos mais produtivos em que, depois de brilhar na final da Taça das Taças, que o FC Porto perderia contra a Juventus, contribuiu para todos os títulos conquistados pelo FC Porto, até à primeira época do Penta.

Coleccionou por isso um palmarés impressionante e invejável: 1 Taça Intercontinental, 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus, 1 Supertaça Europeia,  7 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal e 8 Supertaças Cândido de Oliveira.

Jacques Pereira - 62º internacional: Vestiu a camisola da Selecção Nacional em apenas uma ocasião. Foi a 16 de Dezembro de 1981, num jogo particular, em Hascovo, no Bulgária-Portugal, com uma surpreendente goleada, sofrida pela nossa selecção (5-2)

Fez a sua formação no Lusitano de Vila Real de Santo António, tendo depois representado o Farense, antes de rumar ao norte do país onde conheceu os melhores momentos da sua carreira. Representou o Famalicão (1975 a 1979) e o Braga (1979 a 1981). A sua chegada ao FC Porto, na época de 1981/82, coincidiu com o período de cinco anos (1978/79 a 1984/85), em que o Campeonato Nacional não passou de uma miragem.

Mas logo na sua primeira época de azul e branco e apesar do FC Porto ter deixado fugir o título, Jacques não deixou os seus créditos por mãos alheias, vencendo a Bola de Prata, sagrando-se o melhor marcador do campeonato, com a excelente marca de 27 golos em 30 jogos. O avançado portista aproveitou a ausência de Fernando Gomes, transferido para o Sporting Gijón, para assumir o protagonismo no ataque dos Dragões, sendo até figura de destaque de uma revirada sensacional, na Supertaça dessa época, frente ao Benfica, contribuindo com um «hat-trick», no jogo da 2ª mão, que o FC Porto ganharia por 4-1, revertendo o resultado negativo da 1ª mão de 2-0.

Com o regresso do Bi-Bota de Ouro, na época seguinte, Jacques perderia influência no onze portista.

(Continua)

Fontes: European Footeball; História oficial do FC Porto, de Alfredo Barbosa; FC Porto - Figuras e Factos 1893-2005, de J.Tamagnini Barbosa e Manuel Dias.

3 comentários:

  1. caríssimo,

    este espaço, juntamente com o "Lôngara", o "Estrelas do FC Porto" e o "Paixão pelo FC Porto", é de um manancial de informação sobre a história e com estórias variadas sobre o nosso clube do coração, que (em muito!) deveria embevecer a sua direcção.

    o elogio não é gratuito; é por demais merecido!

    abraço

    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)

    Miguel | Tomo I

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  2. Excelente post. Quero apenas, sem tirar valor ou mérito ao autor do post, corrigir um pequeno pormenor, o Lima Pereira foi campeão nacional 4 vezes e não 3, ou seja, 78/79, 84/85, 85/86 e 87/88.

    Ass: Daniel Gonçalves

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  3. Sousa e Magalhães, eram craques, Jacques - trabalha num restaurante em Vila Real de S.António, a servir às mesas -, era jeitoso, Lima, quem o viu quando chegou e depois a evolução, perguntaria: como foi possível? Muito trabalho e principalmente, muito Pedroto e Artur Jorge.

    Um abraço

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