segunda-feira, 27 de maio de 2013

GOLEADORES PORTISTAS - Nº 5












ARTUR DE SOUSA «PINGA» - Goleador Nº 5

Hoje vamos falar de um dos mais emblemáticos futebolistas de sempre, do futebol nacional. Não o vi jogar, mas a informação que colhi do meu progenitor, é que se tratava do melhor jogadores português de todos os tempos, muito superior ao Eusébio, só que não teve a força propagandista da Comunicação Social, por ter escolhido equipar de azul e branco. Assim, a crítica especializada  limitou-se a considerá-lo  como «um dos melhores»  jogadores portugueses.

Dotado de uma estonteante finta curta e um extraordinário e letal pé esquerdo,  Pinga caracterizava-se ainda pela sua técnica bem apurada e por uma lúcida visão de jogo, que fizeram dele um verdadeiro fora de série. 






















Nascido na Ilha da Madeira a 30 de Setembro de 1909, foi um «produto» das escolas de formação do CS Marítimo, do Funchal, tendo chegado à equipa principal com apenas 18 anos, altura em que apresentava já um futebol bastante inteligente,  adulto e evoluído .

Em Julho de 1930 exibiu-se no Estádio do Lima, no Porto, num jogo intercidades, frequentes nessa altura, com vitória do Porto sobre o Funchal, por 3-1, mas onde o futebolista madeirense fascinou não só o público em geral como também os dirigentes azuis e brancos que logo tentaram assegurar  o seu concurso. Porém, por imposição de sua mãe, teve de regressar à ilha, abortando a possibilidade da transferência.

Mais tarde, Artur de Sousa voltaria ao Continente para representar a Selecção nacional, que por amuo da Associação de Futebol de Lisboa impediu a participação dos atletas da sua área geográfica, tendo a equipa nacional sido forma com atletas do Porto, Setúbal e Funchal. Foi a oportunidade de ouro para Pinga brilhar e mostrar toda a gama dos seus recursos. O jogo foi contra a Espanha e constituiu a primeira das 21 internacionalizações, ao longo da sua carreira.

Depois de tal desempenho choveram propostas de vário clubes, mas o FC Porto ganharia na insistência, graças aos desempenhos do Presidente portista Dumont Villares e do treinador Szabo. Pinga assinou a 23 de Dezembro de 1930 e estreou-se dois dias depois contra o Salgueiros.

Durante as 15 temporadas ao serviço do FC Porto, registou as marcas de 400 jogos e 394 golos (contando naturalmente com os jogos particulares e os do campeonato regional). Em jogos oficiais, de carácter nacional, apontou 144 golos em 219 jogos, conforme mapa abaixo. 

Foi duas vezes campeão nacional, venceu 1 liga nacional e foi por uma vez o melhor artilheiro do campeonato, mas ainda não estava instituído qualquer prémio. Venceu também por duas vezes o Campeonato de Portugal, prova precursora da Taça de Portugal.

















Na temporada de 1933/34 o FC Porto foi impedido de disputar o Campeonato de Portugal, pela A.F. do Porto, por se ter negado a ceder os seus jogadores à selecção regional, com vista ao jogo com Lisboa, razão pela qual Pinga não registou nessa época qualquer jogo ou golo.

A 7 de Julho de 1946 despediu-se como jogador, dos campos de futebol. O Estádio do Lima encheu-se para presenciar um festival que contou com um desfile em que tomaram parte 500 atletas de dezenas de colectividades, com um jogo em que o FC Porto venceu um «Misto nacional», por 5-4 e teve como ponto alto o momento em que o Governador Civil do Porto condecorou «Pinga» com a Medalha de Ouro da Federação Portuguesa de Futebol.

Quando depois de ter treinado a Sanjoanense, o Tirsense e o Gouveia, trabalhava nos infantis do FC Porto e iria passar a coadjuvar o mestre Artur Baeta na equipa júnior, a morte levou-o no dia 12 de Junho de 1963. Era o desaparecimento de uma glória do futebol nacional, da 1ª legenda do futebol portista, daquele «patrão de equipa» que constituiu, com Valdemar Mota e Acácio Mesquita, o famoso e temido trio atacante azul e branco, popularizado para a eternidade como «OS TRÊS DIABOS DO MEIO DIA».

Palmarés ao serviço do FC Porto (5 títulos):
2 Campeonatos de Portugal (1931/32 e 1936/37)
1 Liga Portuguesa (1934/35)
2 Campeonatos Nacionais (1938/39 e 1939/40)

Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar; Figuras e Factos, de J. Tamagnini Barbosa e Manuel Dias; ZeroZero.pt 

3 comentários:

  1. Caro amigo,

    Parabéns pelo seu excelente trabalho!

    Permita-me um reparo: há uma confusão com os números da Taça/Camp.Portugal, entre 34/35 e 37/38. Nesse período não havia Taça de Portugal (1ª ed. em 38/39). Talvez sejam os números do Campeonato de Portugal?

    Em 33/34, o FC Porto foi impedido de participar no Campeonato de Portugal, por castigo da FPF (mais uma infâmia envolvendo o slb, mas adiante...), não seria melhor colocar "-" em vez de "0" já que não houve participação do nosso clube?

    Por último, Pinga chegou ao Porto em 1930 e marcou inúmeros golos no Campeonato Regional da AF Porto, porque não incluir esses números?

    Cumprimentos,



    ResponderEliminar
  2. Obrigado amigo António Rocha pelos reparos que em boa hora decidiu fazer, pois permitiram chamar-me à atenção do erro, que graças a si está já reparado.

    A segunda parte da sua questão é igualmente pertinente, mas decidi evidenciar neste trabalho apenas os jogos e golos nas provas oficiais de carácter nacional e internacional, pelo que os jogos dos campeonatos regionais, de reservas, do Porto, Taças de Honra AFPorto, da Taça do Norte de Portugal, da Taça Ribeiro dos Reis e recentemente da Liga Intercalar, não faça parte deste estudo.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. @ Rui Anjos

    quem muito me falou sobre ele foi o meu Avô.
    também ele foi da opinião que o 'deusébio' é um "produto" de uma Comunicação Social sempre, mas sempre favorável ao um certo e determinado clube (dito) «glorioso».
    (aliás, para além do saudoso 'Pinga?, também me falava muito do Hernâni - certamente que num outro estilo, mas igualmente letal, em termos de concretização)

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

    ResponderEliminar