ÉPOCA 1973/74
Era preciso virar a agulha, renovar esperanças, tornar-se mais forte para enfrentar mais uma vez uma luta desigual, contra tudo e contra todos. Américo de Sá sabia das dificuldades que o clube voltaria a enfrentar, mas era necessário partir para a luta com coragem. Falhado o projecto Riera, novo estava na forja. Sucessor? O velho Béla Guttmann que na sua estreia no FC Porto, em 1958/59 se sagrara campeão nacional e abandonara o clube para assinar pelo Benfica.
Engolir um sapo? Que remédio! Volta «avozinho» que estás perdoado! Com 73 anos de idade, o treinador húngaro voltava para tentar mais uma vez ser feliz. Mas não foi. Primeiro jogo do campeonato, primeira derrota. À quarta jornada já quatro pontos tinham ficado pelo caminho. Nova derrota na 8ª jornada, na Luz, seguida de dois empates transformavam o título numa miragem. A vida portista ficava atormentada e para piorar, no dia 16 de Dezembro de 1973, aquando da 13ª jornada, contra o V. de Setúbal, de Pedroto, Octávio e Duda, em pleno estádio das Antas, ao minuto 13, Pavão ganhou a bola no meio campo, fez um compasso de espera para permitir a desmarcação de Oliveira, executou um passe perfeito, deu mais um passo e caiu de bruços, sem ninguém lhe tocar. Logo que o árbitro interrompeu o jogo para ser assistido, o médico Dr. José Santana encontrou-o já em estado de coma. Pavão foi de imediato conduzido para o Hospital de S. João onde viria a falecer. O jogo entretanto prosseguiu, com a entrada de Vieira Nunes para o lugar do malogrado Pavão. O Setúbal era então o líder do campeonato e o FC Porto tinha um atraso de 5 pontos.
Toda a gente no estádio tinha a noção da gravidade do estado do médio portista pelo que o clima nas bancadas era pesado e dramático. Os atletas portistas uniram-se como nunca e venceram o encontro por 2-0. No final foi anunciada a morte de Pavão que deixou consternados todos os presentes. Perdia-se assim um enorme talento do futebol nacional.

Ainda assim, o FC Porto não foi além do 4º lugar, com uma performance de 30 jogos, 18 vitórias, 7 empates e 5 derrotas, 43 golos marcados, 22 sofridos, somando 43 pontos, menos 2 que o V. Setúbal, menos 4 que o Benfica e menos 6 que o Sporting.
Na Taça de Portugal o FC Porto foi eliminado, nas meias-finais, no Estádio das Antas, pelo Benfica que triunfou por 0-3. Nas eliminatórias anteriores os azuis e brancos afastaram o Lusitânia, da III Divisão nacional, com vitória nas Antas, por 8-0; O Barreirense, também nas Antas, por 1-0; e a Cuf, ainda nas Antas, por 3-1.
Guttmann utilizou 23 jogadores, nas duas provas em que o FC Porto esteve envolvido (Campeonato e Taça), num total de 34 jogos, a seguir indicados por ordem decrescente de participações: Guedes e Tibi (33), Rodolfo e Rolando (32), Ronaldo e Abel (31), Bené (30), Nóbrega (27), Oliveira (26), Marco Aurélio (22), Rodrigo (17), Cubillas (16), Flávio, Pavão e Vieira Nunes (13), Laurindo (11), Júlio e Ricardo (9), Celso e Valdemar (7), Gualter (4), Leopoldo (3) e Rui (1).
UMA DAS POSSÍVEIS EQUIPAS DESSA ÉPOCA
Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Celso, Rolando, Rodolfo, Ronaldo, Guedes e Tibi; Pela mesma ordem, em baixo: Pavão, Marco Aurélio, Flávio, Abel e Nóbrega
Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar; FC Porto - 100 Anos de História, de Álvaro Magalhães e Manuel Dias e Fascículos do Jornal A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário